sábado, 5 de dezembro de 2009

O exemplo argentino


Os argentinos parecem estar um passo à frente na batalha contra o preconceito. Recentemente, uma transexual foi escolhida “Mulher do Ano”. Isso mesmo. Entre 12 concorrentes, a transexual Marcela Romero ficou com o título. Foi escolhida entre mulheres selecionadas por sua luta contra pobreza e em defesa do meio ambiente, entre outras causas.
Em agosto, Marcela obteve documento de identidade com nome feminino depois de dez anos de luta judicial para que sua mudança de sexo fosse reconhecida. A nomeação como “Mulher do Ano”veio da Câmara dos Deputados, mais precisamente da Comissão da Família e da Mulher.
Nem por isso os obstáculos desapareceram. No momento da entrega do título, enquanto alguns aplaudiam, outros presentes se retiravam do local.
E na última semana, o anunciado primeiro casamento civil de homossexuais na América Latina, que aconteceria na terça-feira em Buenos Aires, sofreu um revés. A juíza Marta Gómez Alsina decretou uma medida cautelar até que se decida sobre a ação apresentada contra a decisão de outra magistrada, que julgou "inconstitucionais" dois artigos do Código Civil estabelecendo que para o matrimônio "é necessário o consentimento de duas pessoas de sexos distintos". Alsina garantiu que sua decisão não constitui discriminação e destacou que a lei argentina já confere às pessoas do mesmo sexo a opção de celebrar a união civil.
A juíza Gabriela Seijas tinha autorizado, há aproximadamente duas semanas, o registro civil do casamento de Alejandro Freyre, de 39 anos, com José María Di Bello, 41, em uma decisão inédita na Argentina e na América Latina.
Em Buenos Aires vigora desde 2003 a união civil entre homossexuais, que permite aos cônjuges o acesso aos direitos sociais, como pensão, mas restringe alguns procedimentos, como a adoção.
Um projeto de lei para o casamento gay é debatido na Câmara dos Deputados, mas – como no Brasil – empaca na falta de acordo entre os principais blocos.

Lésbicas e as doenças sexuais


As mulheres que se relacionam com mulheres também correm risco de contrair doenças sexuais. O fato parece óbvio, mas talvez pela visão que se tem de maior e menor risco baseada em sexo penetrativo ou não, fica a imagem de que elas estão “seguras”.
No entanto, é preciso ressaltar que o contágio se dá pelo contato de fluidos, como as secreções vaginal/anal e sangue, com as mucosas bocal, vaginal e anal, que quase sempre apresentam fissuras. O ato sexual, quando praticado sem proteção, facilita a entrada de vírus no organismo humano.
Recomenda-se para sexo seguro entre mulheres, por exemplo, o uso de luvas de látex para penetração (dedo/vagina) e barreiras também de látex (feitas a partir de camisinhas) para sexo oral.
E a saúde sexual das lésbicas não se resume às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). A maior parte delas não tem filhos e não amamentaram. Esse fator vem sendo apontado como de risco para o câncer de mama. Por isso, a necessidade de se incentivar neste grupo a prática do auto-exame mensal para detecção de nódulos.
Os exames de pacientes lésbicas precisam ser completos, incluindo exame de Papanicolau, de toque, além das visitas ginecológicas periódicas. Essas recomendações muitas vezes não são seguidas por parte dos profissionais da área ou das próprias pacientes, em razão de estereótipos arraigados em nossa sociedade.
É preciso transcender os rótulos para trabalhar com as mulheres em toda a sua diversidade. Deixar de lado a ideia de que as lésbicas não são mulheres de verdade.
A livre orientação sexual faz parte dos direitos de todas as mulheres. É preciso lutar pelo fim das restrições à sexualidade.
Grupos e ativistas lésbicas têm se mobilizado de diferentes formas para garantir visibilidade. Seja em eventos nacionais ou internacionais, em debates e na mídia. Isso tem sido bastante positivo. A estratégia, somada a outras, é considerada de extrema importância para informar, refletir e aprofundar questões relacionadas à melhoria da condição de vida das lésbicas.