sexta-feira, 9 de julho de 2010

Retorno da ‘Peste Gay’?


O Ministério da Saúde divulgou recentemente estudo revelando que jovens gays usam menos preservativo que os heterossexuais. A pesquisa ajuda a explicar recentes dados epidemiológicos divulgados pelo governo. Entre meninos na faixa etária dos 13 aos 19 anos, há mais casos de Aids por transmissão homossexual (33,5%) do que heterossexual (28,3%).
Quando começou a ser conhecida, a Aids foi chamada de “Peste Gay” em razão de o maior número de casos registrados na época estar entre os homossexuais. Prato cheio para preconceituosos. A sociedade assistiu à morte de muitos. Houve esclarecimento da população e, ao longo do tempo, os homossexuais deixaram de ser “grupo de risco”.
No entanto, hoje os fatos parecem reverter a situação. Jovens gays que tomaram consciência da própria sexualidade em uma época em que a Aids já não assusta com mortes públicas e os medicamentos possibilitam uma vida praticamente normal, ao que tudo indica estão se descuidando.
O estudo feito pelo Ministério da Saúde, com jovens de 10 capitais, mostra que 53,9% dos homossexuais entre 13 a 24 anos usaram camisinha na primeira relação sexual, índice abaixo dos 62,3% registrados entre jovens homens em geral, na mesma faixa etária.
Nas relações com parceiros fixos, os porcentuais também são mais baixos entre jovens gays: 29,3% usam camisinha, enquanto entre jovens em geral a média é de 34,6%.
Os únicos índices semelhantes entre as duas populações são o de uso de camisinha com parceiros casuais. Nesses casos, 54,3% dos gays entre 13 e 24 anos dizem usar preservativo. Entre jovens do sexo masculino em geral, o porcentual é de 57%.
O comportamento de risco revelado entre jovens gays destoa de outros dados apontados no trabalho. O estudo indica que a população gay em geral é mais bem informada, procura mais centros públicos de saúde para fazer testes de HIV e ter acesso a preservativos. Dos gays ouvidos na pesquisa, 23,5% disseram ter feito teste de HIV nos últimos 12 meses, o dobro do que foi constatado entre homens em geral: 11,2%.
A pesquisa mostra que 10,5% dos entrevistados são soropositivos. Na população masculina em geral, o índice é de 0,8%.
Os jovens gays definitivamente estão correndo mais riscos. Eles começam a vida sexual cada vez mais cedo e não estão se protegendo como deveriam. Está na hora de repensar comportamentos.