domingo, 23 de novembro de 2008

Fidelidade e promiscuidade


Sou pelo equilíbrio em tudo na vida. Não acredito em nada rígido ou restrito demais. Onde há muitas imposições e proibições, sempre escapa alguma coisa pelas bordas, nos vãos dos dedos. Por outro lado, também não acho certo um laissez-faire desenfreado sem responsabilidades.
O tema fidelidade é bastante controverso seja na comunidade gay ou fora dela. Culturalmente o homem tem vivido uma liberdade maior do que a mulher para expressar sua sexualidade, apesar desse panorama ter se modificado. Isso pode ter contribuído para uma atitude mais “agressiva” (sexualmente falando) do homossexual masculino e ajudado a compor uma imagem de promiscuidade.
É certo também que a relação homossexual muitas vezes é furtiva e quando estável acaba tendo menos motivos secundários para ser mantida, do tipo “e as crianças como ficam” ou “o que dirão parentes e amigos” ou ainda “como vamos dividir os bens”, apesar desse panorama também estar se modificando.
Isso coloca a relação homossexual centrada no amor entre dois indivíduos e não em fatores ou pessoas externas ao casal. Talvez possamos falar aí em uma relação mais sincera, mais verdadeira. O que de início expõe sua fragilidade pode num segundo olhar ser indicativo de sua força.
A meu ver, a relação homossexual não tem que seguir padrões heteros. É possível ao homossexual, por estar à margem do estabelecido, tentar criar um caminho diferente para expressar seus sentimentos e afetos, sem que isso ataque as condutas vigentes na sociedade. As regras de uma relação – seja homo, hetero ou bi – são estabelecidas pelo casal e só o que sai do que foi estabelecido pode ser considerado infidelidade.
Pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP em 2000 apontou que apenas 25% dos casados esperam fidelidade do parceiro. Ou seja, 75% das pessoas comprometidas acreditam que podem ser traídas a qualquer momento.
Algumas pessoas se satisfazem sendo fiéis. Sentem-se tão completas com o parceiro que não precisam de mais nada. Ou não têm tanta ânsia e curiosidade, são mais tranqüilas neste aspecto.
Para outras, os apelos das relações-relâmpago são tantos... É comum em nossa sociedade de consumo pular de um objeto de desejo para o outro de maneira desenfreada. Tudo é vertiginosamente rápido e mal aprendemos como usar um produto para querermos trocá-lo por uma novidade. Daí para a promiscuidade (e todo risco que ela traz junto), é um pequeno passo. A incerteza é a principal característica de nossas vidas, cada vez mais acentuada no mundo atual.
Fica valendo a sinceridade de propósito dos indivíduos para consigo mesmos e para com o outro a partir do momento que se propõem estar junto. E tenham uma semana vitaminada, robusta, bonita!

sábado, 15 de novembro de 2008

A diversidade nos sites e blogs

Símbolo da comunidade homossexual, a bandeira inspirada no arco-íris representa a diversidade. Criada em 1978 pelo artista plástico Gilbert Baker, cada cor carrega um conceito: o vermelho é vida; o laranja, poder; o amarelo, luz; o verde, natureza; o azul, arte; e o violeta, espírito.
Logo após a eleição do primeiro presidente negro nos EUA, nada melhor do que falarmos de avanço nas conquistas em favor da diversidade e contra o preconceito – seja de qual tipo for. E a Internet, sem dúvida, tem sido uma maneira importante de democratizar o conhecimento e, com isso, ajudar no combate à discriminação.
Claro que existem países que bloqueiam certos conteúdos, como sites gays ou lésbicos (caso da Arábia Saudita, Sudão e Emirados Árabes Unidos). Coisa mais uó. Só que não dá para negar a importância da web na difusão de informações. Claro também que é preciso saber organizar e utilizar da melhor forma estas informações. Se liga, gente!
A seguir, algumas sugestões de sites e blogs que abrangem um pouco de toda esta diversidade e que passo a colocar na relação de links ao lado. Próximo de Araçatuba (apesar de não termos fronteiras na Internet), temos dois sites importantes. Um do pessoal de Bauru, da Associação Bauru pela Diversidade: o www.baurupeladiversidade.org, que defende a liberdade de orientação sexual como direito fundamental. Outro de Rio Preto, do GADA – Centro de Referência GLBT, com informações jurídicas e de saúde, além de notícias: www.gada.org.br.
Tem o www.diversidadesexual.utopia.org.br, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, que traz um mapa com as ações do governo e a localização de associações de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais do Brasil.
Outro interessante é o www.ggb.org.br, do Grupo Gay da Bahia, cujo presidente é o Luiz Mott, escritor sobre homossexualidade doutor em Ciências Sociais. Fala sobre saúde, cultura e turismo, entre outros assuntos. Há também o site da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, o www.paradasp.org.br, com notícias variadas ligadas ou não à entidade. E tem ainda o www.gay.uol.com.br, também com conteúdo informativo diverso.
Voltados para a visibilidade homossexual através da cultura, os sites www.abcles.com.br e www.xy2gay.com.br (este recém lançado), são portais de literatura lésbica e gay, respectivamente. Neles é possível encontrar histórias com temática específica e descobrir novos autores.
Os blogs são quase que infinitos. Cito aqui o de Vange Leonel, www.vangeleonel.blogspot.com, que se autodenomina colunista, lésbica e feminista. Lá encontramos seus textos e sua web-novel. Neste blog (www.geeleoque.blogspot.com) você encontra meus textos e outras informações que aos poucos quero ir reunindo. Continuo aceitando sugestões e críticas. A proposta é defender o respeito ao ser humano, acima de raça, religião, sexualidade, classe social ou qualquer outra coisa. E um caminho fundamental para isso é o esclarecimento.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O “T” da sigla LGBT


Dá pra ficar bege, passado, com a salada de rótulos que o “T” da sigla LGBT engloba. E onde há falta de informação, reina o preconceito. Oficialmente, o T representa Travestis, Transexuais e Transgêneros. O quê?! Apesar de até bastante difundidos, os termos ainda geram dúvidas, principalmente este tal de Transgêneros. Tentemos explica-los.
Transgêneros é o termo mais abrangente para representar o T. Refere-se tanto a travestis quanto a transexuais. Trata-se geralmente de um homem no sentido fisiológico, que se relaciona com o mundo como mulher. Transexuais são as pessoas que acreditam ter nascido com o sexo errado. São elas que geralmente procuram a mudança de sexo. Os Travestis podem ser tanto homem quanto mulher que simplesmente vestem roupas e usam acessórios característicos do sexo oposto.
Mas a gente ouve falar outros termos também. Transformista, por exemplo, é o mesmo que Travesti. Este último acaba sendo usado mais no caso em que o indivíduo se traveste para prostituição. Um Transformista apenas se veste com roupas do gênero oposto para fazer shows.
E os tais Crossdressers? Bom, estes são sujeitos que vestem roupas do sexo oposto porque isso lhes dá prazer. Normalmente usam peças íntimas do outro sexo e fazem isso em ambiente reservado. São também chamados de "CDs".
Então aqueles caras que aparecem aos domingos no Programa Silvio Santos são Transformistas. Um outro termo utilizado é Drag Queen (Drag King na versão feminina). Pessoas que se fantasiam, muitas vezes de maneira espalhafatosa e sem esconder seu sexo biológico. Seguindo estilo cômico, você já pode ter encontrado uma animando até a festa de aniversário da sua avó.
Quero falar de mais dois termos antes de mencionar a Janaína. Também existe o Intersexual e o Andrógino. Espero ter abrangido todos. Intersexual é a pessoa que nasceu fisicamente entre (inter) o sexo masculino e o feminino. Tem os dois órgãos sexuais desenvolvidos ou um predominando. O termo é preferível ao estigmatizado Hermafrodita. Já o Andrógino é o indivíduo que tem características físicas e comportamentais de ambos os sexos.
Janaína foi homenageada no Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania de Homossexuais “Brasil sem Homofobia” do Governo Federal. Nascida Jaime César Dutra Sampaio, um cearense que se assumiu travesti e tornou-se exemplo de luta contra a violência sofrida por estas pessoas vistas como “bagaceiras”, “perigosas”, e segundo ela, muitas vezes expulsas das casas paternas e jogadas à prostituição ainda na adolescência.
O “Brasil sem Homofobia” pode realmente ajudar a tornar o país mais tolerante, justo e igualitário ao buscar combater a discriminação por orientação sexual. Discriminação que também não deve ocorrer por raça, etnia, idade, credo religioso ou opinião política. Me Deixa!, como diria a popular drag paulistana Alma Smith.
* Foto da drag queen Donnie Mitchell, que faz apresentações em boates e festas da região de Araçatuba, feita por Henrique Lemos.