quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O direito à religião

A República Federativa do Brasil é laica. O Estado - administração pública - não deve de forma alguma governar por meio de alguma crença religiosa. Ótimo que assim seja, para que nada possa ser imposto a ninguém nesta seara. Mas os cidadãos querem expressar de alguma forma sua espiritualidade através de uma religião.
A princípio, Religião e Homossexualidade parecem não combinar muito. A maioria das religiões se apresenta a favor do homossexual e contra o homossexualismo (termo em desuso por conta do sufixo “ismo”, que pode remeter a doença). E como fica o indivíduo que é homossexual, vive sua sexualidade, mas também quer praticar sua espiritualidade?
É claro que são inúmeras as pessoas que vivem parcialmente os dogmas, ritos e códigos morais da religião que escolheu. Homossexuais, bissexuais ou heterossexuais.
Deixemos de lado o tal Projeto de Lei da Câmara – PLC 122/2006, que define os crimes resultantes de preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero, chamado de Lei da Mordaça Gay por alguns setores religiosos (notadamente católicos e evangélicos), pois estaria instituindo superdireitos aos gays.
Acredito que ninguém em sã consciência defenderia o preconceito atualmente. Mas o que quero defender aqui é o direito de todo indivíduo à religião. Do latim “religio”, religar, ligar novamente, prestar culto a uma divindade. O conjunto de crenças relacionadas com aquilo que a humanidade considera como divino e transcendental bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças.
Ninguém é obrigado a seguir esta ou aquela religião. Nem é de se esperar que as religiões mudem ao gosto dos pretensos fiéis.
É que espiritualidade é um estado de consciência. É reconhecer em si a Vida e a mesma Vida em tudo e em todos. Deve haver um jeito de conciliar as coisas: Homossexualidade e Religião. Alguns dirão que há e que tem gente até praticando. Existem casos de igrejas, mesmo evangélicas e católicas – ou dissidências delas –, onde gays expressam sua fé. Uso a palavra gay no sentido mesmo do homossexual assumido, que vive sua homossexualidade.
Conforme diz o Artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Todos têm o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião”. Pena que algumas pessoas ainda vejam a homossexualidade como perversão e queiram restringir alguns direitos dos homossexuais. Não sou obrigado... (ou seja, tenho algo melhor para fazer).

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