sábado, 21 de janeiro de 2012

Mais consciência

Ousado, o homem que já escandalizou o Brasil defende que os gays precisam ter “mais consciência”. Ney Matogrosso (foto) fez questão de ressaltar ao final do programa “Marília Gabriela Entrevista” (GNT) de 15.01.12 que “quatro milhões se juntando podem eleger o presidente da República”. Homossexual assumido e por natureza polêmico, provoca: "Eu acho que os gays no Brasil tinham que ter um pouquinho mais de consciência do seu significado como grupo e não ficar subindo em caminhões nas paradas gays e ficar se beijando”. Eis que a reflexão está posta e exposta. Há muito se questiona, mesmo entre os LGBTs, a finalidade das paradas gays. A visibilidade é importante. Os comportamentos em exposição nestes eventos existem. Não há porque negá-los. Seria uma nova hipocrisia. Mas, sem dúvida, é importante deixar claro que eles representam uma pequena nuance do imenso arco-íris. E talvez não sejam os comportamentos que muitos LGBTs gostariam de estar relacionados. Vale a provocação. É preciso ter mais consciência e isso me faz resgatar um questionamento feito pelo Grupo Gay da Bahia (GGB): “O que você fez hoje para ter orgulho de ser gay?”. O objetivo foi estimular gays, lésbicas e travestis a desenvolverem sua cidadania principalmente através do combate à homofobia, inclusive a internalizada nos próprios LGBTs. Uma série de perguntas tenta ajudar na resposta. Algumas podem parecer radicais ou ser extremamente ativistas, mas julgo interessante para afrontar o pensamento: Você procurou conhecer os seus direitos de cidadão? Você se informou e se agendou para participar dos próximos protestos, marchas e Paradas do Orgulho LGBT na sua cidade e região? Você acessou algum site/blog gay ou postou em alguma rede social algum conteúdo combatendo a homofobia? Você procurou se informar sobre as formas de registrar e denunciar alguma violência homofóbica ou alguma discriminação contra trans, lésbicas e gays? Você revelou hoje para alguém que é gay ou lésbica? Você falou para algum membro mais próximo de sua família que é gay e tem orgulho disso? Você beijou seu namorado em local público para demonstrar seu afeto? Você andou de mãos dadas ou abraçados com seu namorado ou namorada publicamente hoje? Você disse no seu lugar de trabalho que é gay e deseja ser respeitado por isso? Você deixou de fingir ser namorado de sua amiga lésbica ou bissexual frente a seus amigos heterossexuais e familiares ou nas baladas? Você deixou de criticar os gays mais afeminados só porque eles são diferentes de você? Você se dirigiu de forma cordial a uma colega trans ou travesti, evitando chamar de nomes que não são socialmente aceitos por elas? Você postou em seus sites de relacionamentos informação sobre sua verdadeira orientação sexual? Você fez uma doação financeira ou trabalho voluntário a uma ONG gay de sua cidade ou região? Você deixou de apresentar mulheres bissexuais aos bofes homofóbicos que frequentam boates GLS porque acham que é mais fácil “catar minas” que nas boates heteros? Você retirou a palavra “descarto afeminados” do seu perfil anônimo em sites de relacionamentos gay?

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

2012: um ano para treinar a tolerância


Começa um novo ano e com ele a oportunidade de alterar rumos estabelecidos anteriormente, a chance de rever olhares acostumados. Mais que isso: um ano inteiro para exercitar a tolerância. Que em 2012 possamos aprender a conviver com as diferenças, tomar consciência de que somos diversos uns dos outros, mas no fundo essencialmente iguais, com toda a contradição e estranhamento que isso possa provocar.

O ano de 2011 foi marcado por avanços e retrocessos em vários âmbitos e para a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) não foi diferente. No entanto, não há como negar que a visibilidade avança rapidamente. Entendo que isso tem provocado a reação de segmentos da sociedade, em alguns casos de maneira violenta.

Podemos lembrar os diferentes ataques a homossexuais ocorridos no decorrer deste ano na região da Avenida Paulista, em São Paulo-SP. Grupos de jovens agrediram covardemente homens sozinhos ou em dupla.

O projeto de lei que pune a homofobia completou dez anos no Congresso sem ser votado. Nos últimos dias, a deputada Marta Suplicy pediu reexame da proposta.
Mas não foram só fatos negativos. Houve a decisão histórica do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a união estável. Estendeu aos casais gays tal conceito, atendendo quatro condições necessárias: que a relação seja duradoura, pública, contínua e tenha o objetivo de constituir família. Passo importantíssimo na luta por direitos.

Para nos atermos aos fatos de grande repercussão, vale lembrar a contribuição da teledramaturgia para a discussão e reflexão de temas referentes aos LGBTs. O SBT exibiu o beijo entre duas mulheres na novela “Amor e Revolução”. O primeiro em uma novela diária no Brasil. Enquanto isso, a Globo criou um núcleo inédito, com seis personagens, expondo diversas situações, em “Insensato Coração”.

Que em 2012 o preconceito seja combatido de modo efetivo em cada um de nós. Que todos tenham em mente a ideia de diversidade. Afinal, o mundo é formado da variedade. Somos plurais, somos múltiplos. A vida permite diferentes ângulos de visão. Caminhos que se encontram, seguem lado a lado ou vão em direções totalmente contrárias. E nisso está sua beleza!