A atual edição do BBB (Big Brother Brasil, Rede Globo) começou sendo chamada por alguns como o “BBB da diversidade”. Afinal, trouxe a novidade de incluir três homossexuais assumidos: dois masculinos e um feminino.
Sem dúvida, o fato contribui para tornar o tema homossexualidade mais próximo do público em geral e para desmistificar algumas coisas. Apesar das aparências, no entanto, muito ainda tem que mudar até que o preconceito seja realmente extirpado e a diversidade aceita.
Senão, vejamos. A casa incluiu uma drag queen (Dimmy Kieer) e um gay extremamente efeminado. No primeiro caso, ponto positivo para a oportunidade de mostrar que a drag queen não é nenhum ser de outro mundo, mas alguém que pode ganhar a simpatia de muita gente e concorrer com igualdade ao prêmio de R$ 1,5 milhão. Tem até um nome: Dicésar.
No caso do Serginho, o gay extremamente feminino, a coisa muda um pouco de figura. São no mínimo curiosas manifestações, de pessoas que se denominam heterossexuais, de que o rapaz merece levar uns tapas porque “pensa que é mulher”. É mais difícil aceitá-lo. Ele subverte a ordem. Sai de seu lugar de homem e exalta os trejeitos femininos. Muitas vezes, é mais delicado que as próprias mulheres.
O gay efeminado e a drag queen compõem o imaginário do público em geral do que é ser gay. Muita gente acha ainda que todo homossexual gosta de se vestir de mulher. Outras tantas relacionam a fragilidade à homossexualidade. Ambos são tratados como ridículo e levam ao escracho. Mesmo escracho do selinho dado entre Dicésar e Serginho. Volto a ressaltar a importância de expor estas nuances, mas parece que a sociedade está longe de realmente ver com naturalidade o amor entre dois homens e/ou duas mulheres. Algo fora do caricato. Os dois gays masculinos não vão protagonizar um beijo gay romântico, por exemplo. Nem entre eles, nem com qualquer outro brother. Ainda falta um gay fora do estereótipo. O ex-BBB Jean Wyllys era o gay intelectual e estava sozinho na casa. Cumpriu seu papel sendo o primeiro homossexual a se assumir em rede nacional. O médico Marcelo se autodenominava bissexual e preferiu ficar no lado cômodo e aceito de sua sexualidade, dizendo-se interessado por uma sister.
Recaiam sobre a lésbica Angélica as chances de protagonizar uma mudança mais profunda. No entanto, ela acabou sendo eliminada. Morango foge do estereótipo de “sapatão” e isso foi muito bom para mostrar que existem outras cores entre os coloridos. O ideal mesmo é que não houvesse divisão em tribos. Quem sabe numa próxima edição...
Um comentário:
::: Texto sensacional, Paulinho. É muito difícil não ler até o final.
Gostei muito de suas observações sobre os personagens do programa.
Postar um comentário