segunda-feira, 3 de maio de 2010

Gays e pedofilia


A polêmica em torno dos casos de pedofilia na Igreja Católica e a declaração do secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Tarcisio Bertone, de que haveria uma relação entre o desvio sexual e a homossexualidade, levanta uma questão bastante interessante e que requer esclarecimentos.
Não vou comentar a declaração em si e suas implicações (penso que o tema já foi bastante debatido), mas quero provocar uma reflexão sobre o fato de muitas pessoas fazerem a mesma relação que o cardeal.
Isso ocorre em razão de se entender a homossexualidade como uma disfunção, uma doença, e também pelo fato de os casos de pedofilia que se tornam públicos envolverem, com maior frequência, homens adultos e crianças e adolescentes do mesmo sexo.
O importante é deixar claro que, cientificamente, não há maior predisposição para o abuso sexual infantil conforme determinada sexualidade (hetero, homo ou bi). A pedofilia é resultado de uma condição psíquica.
Curioso que o cardeal fez suas afirmações em entrevista coletiva no Chile ao comentar casos entre os quais o mais notável envolveu um sacerdote que mantinha relações sexuais com jovens do sexo feminino. Mas não vamos desviar do assunto... Não existe estudo comprovado que respalde as declarações do cardeal compartilhadas por muitos.
A Classificação Internacional de Doenças (CID-10), da Organização Mundial da Saúde (OMS), define a pedofilia como: “Preferência sexual por crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de um ou do outro sexo, geralmente pré-púberes”.
Há até quem defenda ser a pedofilia um tipo de “orientação sexual”, indo contra o entendimento vigente. Assim, seria uma atração sexual da mesma forma que a heterossexualidade, a homossexualidade e a bissexualidade.
O fato é que uma pessoa pode ser considerada clinicamente como pedófila apenas pela presença de fantasias ou desejos sexuais. E as fronteiras entre infância e adolescência podem variar muito. A OMS, por exemplo, considera adolescência como o período entre 10 e 20 anos de idade.
As causas da pedofilia são indefinidas. Passam por características biológicas e psicológicas (alterações neurológicas desde o nascimento, deficiências hormonais, histórico de abuso sexual na infância ou aspectos comportamentais). Os tratamentos também são imprecisos. Terapias medicinais para controle do desejo sexual mostram alguns resultados, mas são alvo de muitas críticas médicas. A pedofilia também é vista como altamente resistente contra interferência psicológica.
Sobre a incidência de pedófilos na sociedade, pesquisas chegaram a apontar que até 25% dos adultos podem apresentar algum excitamento sexual em relação a crianças. As inúmeras redes de pedofilia com conexões internacionais que vêm sendo descobertas e envolvem os mais variados tipos de indivíduos, denunciam que a polêmica é bem maior do que parece. Assunto “uó” (ruim, desagradável), mas necessário.

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