No último dia 12, foi lançado um trailer do curta “Não gosto dos meninos”, de André Matarazzo e Gustavo Ferri. O filme tem como slogan “Histórias que gostaríamos de ter visto antes” e está no YouTube.
Foi inspirado no Projeto “It Gets Better” (As coisas vão melhorar), campanha nos EUA iniciada após onda de suicídios, ocorrida em setembro do ano passado, entre adolescentes que sofreram bullying por serem ou parecerem gays. A estreia da versão brasileira é prometida para o próximo mês.
A exemplo da versão norte-americana, a película nacional deverá mostrar histórias comuns aos gays, que falam do fato de se sentir “diferente”, não estar interessado nas coisas “certas”, ter que esconder sentimentos. Depoimentos abordando o medo de não ser amado pelas pessoas mais queridas, os ataques físicos e xingamentos, o isolamento e o medo. Histórias de tentativas de suicídio.
No entanto, os depoimentos dos mais variados tipos de pessoas, atingem um ponto em que começam as falas otimistas. A mensagem principal é que, por pior que a situação possa parecer, principalmente para um adolescente que começa a se conhecer e descobrir o mundo, “as coisas vão melhorar”. Os depoimentos então giram em torno do fato de que ninguém merece o bullying, que é possível se ter uma vida autêntica e desfrutar de prazeres como fazer amigos, ser bem sucedido em uma carreira profissional, encontrar alguém para viver junto, ter filhos...
Nos EUA, a campanha conseguiu a adesão de celebridades e até mesmo do presidente, Barack Obama, que ressalta o fato de que a luta contra o preconceito e a discriminação não é só dos LGBT. Vale a pena assistir este depoimento e também o de funcionários de empresas como Facebook, Google, Apple e Pixar.
Para finalizar, cito outro exemplo muito legal. A propaganda irlandesa contra o bullying homofóbico “Stand Up – Don’t stand for homophobic bullying”, que convida a todos: Levante-se por seus amigos lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. A comovente atitude de um indivíduo contagiando outros contra a opressão do preconceito e da discriminação.
São maneiras muito positivas de abordar o tema. É possível ver os vídeos citados no Youtube, inclusive legendados. As coisas vão melhorar. Levante-se!
A proposta do blog é ser fonte de informação e discussão de temas da comunidade gay. A ideia não é ficar falando apenas para o público gay, mas colocar todo mundo para pensar junto. Afinal, somos G, L, B, T, S e tantos mais. O próprio nome do blog quer provocar um estranhamento: a sigla que se refere à comunidade gay cada hora aparece agregando um novo rótulo. Pra quê?
segunda-feira, 25 de abril de 2011
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Preconceito se ensina e se aprende em casa
Polêmica na publicidade! Sites estrangeiros divulgaram recentemente uma propaganda produzida no Brasil carregada de homofobia. Ela sugere o consumo de cachaça aos pais como forma de aceitar a homossexualidade do filho.
A peça publicitária, em inglês, mostra a planta de uma casa. No sofá, quadrados coloridos identificam o lugar do filho e, ao lado, o do seu parceiro. Uma legenda indica que os dois estão vendo "O Segredo de Brokeback Mountain", filme sobre o amor entre dois caubóis gays. Abaixo, uma pequena foto da cachaça e a frase: "If you gotta be strong, we gotta be strong" (Se você tem de ser forte, nós temos de ser fortes).
A propaganda, sem dúvida, promove o preconceito. E me fez lembrar de uma frase do representante do movimento antiapartheid na África do Sul Nelson Mandela: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar".
O ódio é aprendido na propaganda, na sociedade. Mas também é em casa e na escola (a segunda casa) que muitas vezes ele é ensinado. Homossexuais enfrentam a discriminação de seus familiares, dos colegas de escola, dos professores que não os aceitam. Enfrentam insultos, espancamentos, xingamentos e chegam a ser expulsos de casa, numa omissão afetiva total por parte de sua família. Uma postura de rejeição, de medo.
No entanto, todo mundo pode fazer alguma coisa para ajudar a combater o preconceito. Se uma criança presencia um ato de discriminação na escola, na rua ou na tevê, e não tem espaço em casa para debatê-lo e entendê-lo, tem tudo para adotar o comportamento preconceituoso como certo. Mas se, ao contrário, ela tiver oportunidade de debate e entendimento, quem sabe, poderemos ver o mal eliminado em duas ou três gerações...
O preconceito é uma característica cultural. Se aprendemos com a família e com a convivência em sociedade, é algo adquirido e tudo que é adquirido pode ser desaprendido, retirado, desconstruído. Eis aí a questão. Não é fácil desaprender o preconceito, mas vale a pena começar. E já!
Assinar:
Postagens (Atom)