quarta-feira, 6 de abril de 2011

Preconceito se ensina e se aprende em casa


Polêmica na publicidade! Sites estrangeiros divulgaram recentemente uma propaganda produzida no Brasil carregada de homofobia. Ela sugere o consumo de cachaça aos pais como forma de aceitar a homossexualidade do filho.

A peça publicitária, em inglês, mostra a planta de uma casa. No sofá, quadrados coloridos identificam o lugar do filho e, ao lado, o do seu parceiro. Uma legenda indica que os dois estão vendo "O Segredo de Brokeback Mountain", filme sobre o amor entre dois caubóis gays. Abaixo, uma pequena foto da cachaça e a frase: "If you gotta be strong, we gotta be strong" (Se você tem de ser forte, nós temos de ser fortes).

A propaganda, sem dúvida, promove o preconceito. E me fez lembrar de uma frase do representante do movimento antiapartheid na África do Sul Nelson Mandela: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar".

O ódio é aprendido na propaganda, na sociedade. Mas também é em casa e na escola (a segunda casa) que muitas vezes ele é ensinado. Homossexuais enfrentam a discriminação de seus familiares, dos colegas de escola, dos professores que não os aceitam. Enfrentam insultos, espancamentos, xingamentos e chegam a ser expulsos de casa, numa omissão afetiva total por parte de sua família. Uma postura de rejeição, de medo.

No entanto, todo mundo pode fazer alguma coisa para ajudar a combater o preconceito. Se uma criança presencia um ato de discriminação na escola, na rua ou na tevê, e não tem espaço em casa para debatê-lo e entendê-lo, tem tudo para adotar o comportamento preconceituoso como certo. Mas se, ao contrário, ela tiver oportunidade de debate e entendimento, quem sabe, poderemos ver o mal eliminado em duas ou três gerações...

O preconceito é uma característica cultural. Se aprendemos com a família e com a convivência em sociedade, é algo adquirido e tudo que é adquirido pode ser desaprendido, retirado, desconstruído. Eis aí a questão. Não é fácil desaprender o preconceito, mas vale a pena começar. E já!

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