A proposta do blog é ser fonte de informação e discussão de temas da comunidade gay. A ideia não é ficar falando apenas para o público gay, mas colocar todo mundo para pensar junto. Afinal, somos G, L, B, T, S e tantos mais. O próprio nome do blog quer provocar um estranhamento: a sigla que se refere à comunidade gay cada hora aparece agregando um novo rótulo. Pra quê?
segunda-feira, 6 de junho de 2011
O polêmico kit gay
A suspensão do chamado kit gay pelo governo federal gerou polêmica. Houve acusações de que a decisão estaria relacionada a pressão das bancadas religiosas (evangélicos e católicos), que ameaçavam apoiar investigações sobre o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
Por outro lado, a presidente Dilma Roussef disse não ter gostado do conteúdo de um dos vídeos que compunham o tal kit. "Não aceito propaganda de opções sexuais", teria dito.
O vídeo citado por Dilma trata da bissexualidade. Algo incompreensível para muitos e terreno fértil de fantasias para outros tantos. Os bissexuais acabam sendo alvo de preconceito tanto de heteros quanto homossexuais, caracterizando uma bifobia.
Para muitos heteros, as pessoas bissexuais foram a ponte que trouxe a Aids dos homossexuais para os heteros. Enquanto certos homossexuais consideram a bissexualidade um meio-termo confortável entre a heterossexualidade e a homossexualidade.
As fantasias também não ficam atrás. Entre vários heteros, é a de ver duas mulheres juntas. Para homos, sair com um cara que também se relaciona com mulheres. Diria que há até uma tendência em enaltecer a bissexualidade no mundo atual.
A tendência é rotularmos as sexualidades. É preciso encaixar as pessoas e a maneira como elas se manifestam em um molde seguro. Neste contexto, a homossexualidade, por exemplo, é relativamente compreensível. A pessoa se interessa por outra do mesmo sexo e ponto. Já na bissexualidade, o interesse é igual para os dois sexos. Isso complica a situação. Desestabiliza. Torna as coisas mais inseguras, mais difíceis de rotular, controlar.
E é justamente neste ponto que talvez o vídeo peque. Tudo é conduzido de forma natural. A personagem apresenta suas dúvidas e angústias. Todas tão comuns entre os adolescentes. Até o momento no qual constata ter atração tanto por homens quanto mulheres. O fato acaba sendo encarado com tranquilidade pelo rapaz, mas ele faz uma relação questionável. Fala que a probabilidade de ele encontrar alguém para se relacionar é 50% maior a partir do momento em que se interessa pelos dois sexos.
Realmente desnecessária a constatação, que soa como apologia, principalmente por dar nome ao vídeo (“Probabilidade”). Parece uma vantagem, quando é apenas resultado de uma característica.
Independente de haver razões políticas na suspensão do kit, acredito que uma alteração no sentido apontado possa contribuir na luta contra a homofobia (ou bifobia). Afinal, a ideia não é defender nenhuma sexualidade específica como mais vantajosa que outras.
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