domingo, 4 de março de 2012

Woof! A vez dos ursos


“Woof” é a saudação usada pelos chamados ursos: homens gays ou bissexuais com  barba ou cavanhaque, peludos e corpulentos. Sim, a referência ao animal não é à toa.  O urso é grande e poderoso.

Mais um rótulo entre os rótulos, se por um lado este grupo emergente entre os LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) liberta seus integrantes da ditadura dos corpos magros e definidos, por outro reforça preconceito contra os afeminados.

É que os ursos “surgiram” na década de 1980 em São Francisco a partir da vivência de  gays que não se identificavam com o estereótipo “twink” (jovem e sem pelos). De subgrupos como o de motociclistas, de adeptos do couro, de comunidades de obesos, e, por outro lado, de trabalhadores rurais, os lenhadores do imaginário homossexual.

Eles se espalharam pelo mundo através de clubes, espécie de redes sociais e sexuais que incluiam coroas e gordinhos. Ou seja, quebraram o preconceito contra pessoas de idade mais avançada e com quilos a mais.  

No entanto, alguns ursos dão tanta importância para a aparência forte e masculina que desdenham de homens menos másculos.

Os ursos seguem códigos e identidade bastante específicos. Tatuagens e piercing são comuns nos grupos ursinos. Suas características físicas e preferências, definem alguns “tipos”:   Polar Bear é o urso mais velho que tem cabelo e pelo corporal branco ou grisalho; Muscle Bear, o musculoso; Big Bear, um urso forte e alto; Black Bear, de pele negra; o jovem é chamado de Filhote ou Cub. Há também o Chaser ou Admirador, aquele que não é urso, mas se sente atraído por eles. E ainda o Pocket Bear, urso de pequena estatura;  e o Hirsute, com quantidade exagerada de pelo corporal. Os encontros de ursos são chamados de Bearcontro e o local é a Cave ou Den (carverna/gruta).

O ideal urso chegou ao Brasil no final da década de 1990. Só em São Paulo, hoje existem quatro grandes baladas dedicadas aos ursos. Além de inúmeros produtos e serviços exclusivos em todo o País.

Em termos musicais, geralmente são ecléticos, deixando um pouco de lado o famoso bate-estaca. Também não se preocupam tanto com roupas de marca. É claro que nada disso é regra. Apenas demonstra e comprova a diversidade. 

Em uma sociedade cada vez mais anabolizada ou obesa, os ursos ganham adeptos e não se encontram tão segregados quanto no início. Woof! Espera-se que eles não segreguem também.  

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