Uma cena durante um
teatro de rua me fez questionar se o tal do beijo gay já não está passando da
hora na teledramaturgia brasileira.
A peça “Domdeandar”,
da Cia. Teatral Manicômios (MG), foi encenada em algumas cidades da
região de Araçatuba pelo Circuito Sesc de Artes na semana passada. No ápice, o personagem
principal, que buscava “um amor para toda a vida”, finalmente encontra.
Formam-se algumas duplas de atores, representando casais enamorados. E eis que
surge um casal inusitado: dois homens caminham um para o encontro. Um misto de
tensão e humor se espalha na plateia, um certo riso nervoso misturado a um
apostar para ver. Alguns chegam a pedir pelo beijo. Ele acontece. Um pouco mais
que um selinho. Aplaudido.
Tive oportunidade de
presenciar a cena em Araçatuba e Birigui. A reação foi exatamente igual nas
duas cidades. Sei que o público interessado em arte tem suas especificidades.
Geralmente, é formado por pessoas mais tolerantes. Mas acho que podemos
considerar também que a peça foi concebida como teatro de rua e a partir de
pesquisas sobre a diversidade cultural de cidades do interior de Minas Gerais.
Assunto polêmico na
Rede Globo, surgem matérias afirmando que agora o beijo sai. A orientação
sexual do personagem Roni (Daniel Rocha) da novela das nove aos poucos é
revelada. No entanto, personagens gays não são novidade na dramaturgia da
telinha. Tornou-se meio que regra tê-los no enredo.
Na comunidade LGBT
há quem reclame que os tipos retratados nas histórias geralmente são
estereotipados. É o típico homossexual afeminado, caricato. Isso reforçaria uma
ideia errada de que todos os gays masculinos se comportam assim.
Em “Avenida Brasil”,
há a possibilidade de mostrar uma outra faceta: a homossexualidade no futebol.
Um cenário machista, que realmente pode estimular reflexões importantes. Gays
existem nas mais diversas profissões, com as mais diversas índoles. São bons,
são maus. Bem sucedidos ou malsucedidos. Promíscuos ou celibatários.
Já um beijo, sempre
é um beijo. Manifestação de um sentimento. Expressão de uma emoção.
2 comentários:
"Homossexualismo"? Mandou mal nessa. Esse termo remete à homossexualidade como doença; hoje tenta-se evitar o seu uso, mas infelizmente ainda é comum vê-lo inclusive na mídia!
Clineu, você tem toda razão. Já está corrigido. Obrigado.
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