segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Teoria Queer

Você já ouviu falar em Teoria Queer? A denominação surgiu quando a feminista Teresa de Laurentis participou de uma conferência em 1990 na Universidade da Califórnia teorizando sobre as sexualidades gays e lésbicas.
Fortemente influenciada pela obra de Michel Foucault, problematiza a noção de gênero e nem sempre tem sido bem aceita dentro e fora da comunidade gay, pois coloca em xeque conceitos como os de "identidade" e "sexo". Incomoda por desconstruir qualquer definição – de homem, de mulher, de hétero, de gay, de bissexual, de trans...
Por que "queer"? Esta palavra, de origem inglesa, significa, literalmente, "estranho" ou "incomum". Foi usada como gíria em meados do século XX para referir-se aos homossexuais, sobretudo os masculinos. Há quem defenda que houve uma sobreposição das palavras "queer" com "queen" (rainha), o que designaria um homossexual afeminado que seria, simultaneamente, rainha e estranho.
É assumida por uma vertente dos movimentos homossexuais para caracterizar oposição e contestação. Para estes, significa colocar-se contra a normalização. Seu alvo mais imediato é a heteronormatividade, no entanto, também não escapa a estabilidade proposta pela política de identidade do movimento homossexual dominante. Refere-se à diferença que não quer ser assimilada ou tolerada.
A Teoria Queer pensa a sexualidade como uma construção histórica. A orientação sexual e a identidade de gênero não estão previstas na genética e nem podem ser consideradas como condição compartilhada por todos. Existe uma sexualidade para cada sujeito, ainda que seja possível encontrar pessoas com gostos e inclinações semelhantes. É essa semelhança que permite, por exemplo, agrupar os gays em "afeminados", "barbies", "ursos", "versáteis" etc. Porém, não se pode confundir a semelhança com a essência. São convenções sociais compartilhadas por determinados grupos, passíveis, portanto, de mudanças.
A proposta é abolir as dualidades do tipo macho/fêmea e masculino/feminino. Seu caráter transgressor afirma um novo tempo, no qual é preciso pensar outras formas de nomear sem classificar. Não é apenas assumir que as posições de gênero e sexuais se multiplicaram, mas admitir que as fronteiras vêm sendo constantemente atravessadas, quando não é exatamente na fronteira que alguns sujeitos vivem – e sem que haja uma patologia.

DSTs e o risco de homens homossexuais


O Ministério da Saúde divulgou recentemente a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira de 15 a 64 anos. Uma informação importante, não sei se tão surpreendente, foi a de que os homens brasileiros têm 31,2% mais riscos de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) do que as mulheres.
Segundo o estudo, manter relações sexuais com parceiros do mesmo sexo mais do que dobra a probabilidade. E se o indivíduo tiver mais de dez parceiros na vida tem 65% mais possibilidade de contrair alguma doença sexualmente transmissível.
Ou seja, o homossexual masculino com vida sexual ativa corre riscos consideráveis se não tomar os devidos cuidados. No mínimo uso de camisinha em todos os contatos (inclusive sexo oral) e, é de se avaliar com carinho, a redução do número de parceiros.
Outras constatações importantes na pesquisa: 18% dos homens não procuram tratamento ao apresentarem sintomas de DST . Entre as mulheres, 11,4% não procuram tratamento. Essas doenças aumentam em 18 vezes o risco de infecção pelo HIV, vírus causador da Aids.
Quando desconfiam que podem estar com alguma DST, 25% dos homens se automedicam. Entre as mulheres, esse número é de 1%. A prática é arriscada, já que pode mascarar a doença ou mesmo piorar o quadro.
O levantamento informa ainda que pacientes com indícios de DST “nem sempre recebem orientações adequadas”. Apenas 30% dos homens e 31,7% das mulheres que procuraram atendimento foram orientados a fazer o teste de HIV. A recomendação para o exame de sífilis foi ainda menor: 24,3% para eles e 22,5% para elas.
Entre homens e mulheres que recorreram aos consultórios, 40% não foram sequer informados sobre a necessidade do uso de preservativo e de comunicar a doença aos parceiros.
Para as pessoas que têm dificuldade de contar para o parceiro que estão infectadas, o Ministério da Saúde criou cartões virtuais, que fazem parte da campanha “Muito prazer, sexo sem DST”. O hotsite da campanha é www.aids.gov.br/muitoprazer, com informações gerais sobre prevenção e tratamento das DSTs. Vale conferir.

Lesbian chic, andróginos e a moda


Diversas campanhas publicitárias de moda têm explorado situações que remetem às lesbian chic e aos andróginos numa recorrência curiosa. No Brasil, as atrizes Juliana Paes e Cléo Pires, em alta por causa da novela “Caminho das Índias”, aparecem na campanha de verão 2010 da Arezzo. Vestidas de nadadoras, em clima insinuante dentro da piscina.
As marcas internacionais abusam do recurso, que nem é tão novo. A onda atual foi iniciada por Versace na campanha de inverno de 2008, com as modelos Isabeli Fontana e Natalia Vodianova. O uso de modelos em looks andróginos também tem sido bastante recorrente.
“Lesbian chic” é a expressão utilizada no meio gay para denominar as lésbicas “finas”, geralmente femininas, muitas vezes executivas e mais ligadas ao consumo em geral e de moda em particular. “Andróginos” são as pessoas que misturam características femininas e masculinas.
Desde a década de 30 que as mulheres usam alguma peça do guarda-roupa masculino. Já a homossexualidade feminina é explorada desde que inventaram as fotos. Este último tema é um verdadeiro fetiche do público masculino: duas belas mulheres em poses sensuais.
Os exemplos continuam. A campanha de inverno 2009 da Chanel sugere um clima entre as modelos Freja Beha Erichsen e Heidi Mount. A campanha do italiano Cesare Paciotti é mais explícita, com Constance Jablonski e Eniko Mihalik entrelaçando braços e pernas.
No campo da androginia, a modelo britânica Agyness Deyn foi fotografada para a campanha da Uniqlo ao lado do modelo Luke Worral. As roupas até são diferentes, mas a pose e os cabelos são indiferenciados.
A top brasileira Raquel Zimmermann aparece representando as linhas feminina e masculina da grife de Gaultier. Ela que já declarou gostar da mistura de elementos masculinos em seu visual. Gaultier, por sua vez, é conhecido por brincar com os gêneros feminino e masculino.
A tendência não parece estar perdendo força e promete continuar pelo menos mais uma estação. O fato parece positivo. Com isso, é possível que se ajude a quebrar padrões visuais (e comportamentais) rígidos que ainda persistem nas sociedades em geral. E fugir de “rótulos”, termo usado pela própria atriz Juliana Paes em entrevista sobre a campanha publicitária que protagoniza. Ela disse que não se prende a eles. Intrigante é que na sequência, ao ser questionada sobre uma possível experiência homossexual, saiu com: “sobre isso não vou falar”. Claro que se trata de algo pessoal, íntimo, mas... por que não falar já que não se prende a eles?