Você já ouviu falar em Teoria Queer? A denominação surgiu quando a feminista Teresa de Laurentis participou de uma conferência em 1990 na Universidade da Califórnia teorizando sobre as sexualidades gays e lésbicas.
Fortemente influenciada pela obra de Michel Foucault, problematiza a noção de gênero e nem sempre tem sido bem aceita dentro e fora da comunidade gay, pois coloca em xeque conceitos como os de "identidade" e "sexo". Incomoda por desconstruir qualquer definição – de homem, de mulher, de hétero, de gay, de bissexual, de trans...
Por que "queer"? Esta palavra, de origem inglesa, significa, literalmente, "estranho" ou "incomum". Foi usada como gíria em meados do século XX para referir-se aos homossexuais, sobretudo os masculinos. Há quem defenda que houve uma sobreposição das palavras "queer" com "queen" (rainha), o que designaria um homossexual afeminado que seria, simultaneamente, rainha e estranho.
É assumida por uma vertente dos movimentos homossexuais para caracterizar oposição e contestação. Para estes, significa colocar-se contra a normalização. Seu alvo mais imediato é a heteronormatividade, no entanto, também não escapa a estabilidade proposta pela política de identidade do movimento homossexual dominante. Refere-se à diferença que não quer ser assimilada ou tolerada.
A Teoria Queer pensa a sexualidade como uma construção histórica. A orientação sexual e a identidade de gênero não estão previstas na genética e nem podem ser consideradas como condição compartilhada por todos. Existe uma sexualidade para cada sujeito, ainda que seja possível encontrar pessoas com gostos e inclinações semelhantes. É essa semelhança que permite, por exemplo, agrupar os gays em "afeminados", "barbies", "ursos", "versáteis" etc. Porém, não se pode confundir a semelhança com a essência. São convenções sociais compartilhadas por determinados grupos, passíveis, portanto, de mudanças.
A proposta é abolir as dualidades do tipo macho/fêmea e masculino/feminino. Seu caráter transgressor afirma um novo tempo, no qual é preciso pensar outras formas de nomear sem classificar. Não é apenas assumir que as posições de gênero e sexuais se multiplicaram, mas admitir que as fronteiras vêm sendo constantemente atravessadas, quando não é exatamente na fronteira que alguns sujeitos vivem – e sem que haja uma patologia.
Um comentário:
oi Paulo,
Sou estudante de psi e estou realizando um trabalho sobre referencia identitária e a homossexualidade para conclusão do curso. Gostei mto da sua síntese sobre a Teoria Queer e resolvi, inclusive, postá-la no meu blog, devidamente creditada.
abs,
Felipe.
www.fazendognero.blogspot.com
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