domingo, 8 de julho de 2012

Violência aqui

“A gente vê esse tipo de coisa em vários lugares, mas nunca imagina que vai acontecer com a gente.” A fala de uma mãe em Araçatuba (SP) cujo filho foi vítima de socos, chutes e uma garrafada na cabeça por causa de seus trejeitos ilustra bem que a intolerância tem terreno fértil em todos os lugares. Não está longe de ninguém.

O caso aconteceu recentemente com um estudante de 16 anos. Cinco rapazes agrediram o adolescente no bairro Dona Amélia por ele ser homossexual.

O que leva alguém a usar de violência contra outra pessoa? Segundo dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, foram registradas 1.259 denúncias de violência contra gays em 2011. Isso dá uma média de 3,4 casos por dia. O estado de São Paulo liderou a lista com 210 queixas, seguido por Piauí, com 113, Bahia e Minas Gerais, 105 cada, e Rio de Janeiro, 96. A maioria dos agressores (61,9%) é conhecida da vítima. Do total de vítimas, 34% são do gênero masculino, 34,5% do gênero feminino, 10,6% travestis, 2,1% de transexuais e 18,9% não informaram. A maioria das denúncias (41,9%) foi feita ao Disque 100 pela própria vítima.


O médico Dráuzio Varella fala sobre o tema violência contra homossexuais em seu site. Ele começa dizendo que “A homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados.” Sempre achei que informação e conhecimento evitam as atitudes intolerantes. Não é necessário aprovar, mas respeitar.

Alguns fatos importantes são destacados por Varella, que valem a pena reproduzir. Primeiro a existência de mulheres e homens homossexuais em todas as civilizações e em qualquer época. Depois a questão do que é ou não antinatural. “Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?”

Passa ainda pela grande variedade de espécies animais que vivenciam a homossexualidade, o que coloca por terra a teoria de perversão humana. E explica que a sexualidade não é opção. Que não podemos controlar nosso desejo.

Finalizo com um trecho bastante provocativo do texto do médico: “Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais na vizinhança, que procurem dentro das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal costumam aceitar a alheia com respeito e naturalidade.”

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