domingo, 31 de maio de 2009

Novas e boas possibilidades


Alguns fatos renovam as esperanças de dias melhores. Mais livres de preconceito. Um deles aconteceu aqui mesmo em Araçatuba. Foi a realização da “I Semana das Consciências” na Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp, que discutiu de maneira franca a homossexualidade, entre outros assuntos de relevância social. O outro fato vem do estado do Espírito Santo, onde um defensor público quer garantir aos homossexuais o direito de se casar.
A “I Semana das Consciências” aconteceu de 11 a 16 de maio na própria faculdade. Organizada pelos alunos, através do Centro Acadêmico Fábio Luís Bonello, o evento abordou também outros temas como a “Formação da sociedade”, “Diferenças sociais”, “O negro na sociedade araçatubense e a questão das cotas universitárias” e “Ética e moral com relação ao bem-estar animal”.
Tive oportunidade de participar das discussões sobre “Homossexualidade” como colunista da Folha da Região e estou ressaltando o fato pois considerei importante ver pessoas jovens demonstrando respeito e interesse pelo tema. Os jovens participaram com vários tipos de perguntas. Entendi como um indício de que as novas gerações trazem para mais perto a possibilidade do mundo mais igualitário e tolerante.
A atitude do defensor público no Espírito Santo reforça a constatação de que o Poder Judiciário brasileiro está muito mais aliado com os Direitos Humanos que os poderes Legislativo e Executivo. O defensor público Carlos Eduardo Rios do Amaral quer garantir aos casais homossexuais o direito de se casar e obter certidão de casamento. A ação tramita na 2ª Vara da Fazenda Pública de Vitória.Amaral defende: homossexuais possuem o mesmo direito à união legal que os heterossexuais. "Não há na legislação brasileira nada que proíba a união civil de pessoas do mesmo sexo", afirma. "Os casais homossexuais, através da constituição de família, devem buscar pela felicidade." Me erra! Me deixa!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Com máscara e sem sela


O medo de contaminação pelo vírus H1N1, responsável pela vulgarmente conhecida gripe suína, suscitou um fato curioso. Houve uma corrida atrás de máscaras para proteção. Interessante é que a doença até o momento vitimou dezenas de indivíduos enquanto a Aids, velha conhecida nossa, que já matou milhares, cada vez menos leva as pessoas a procurarem se proteger. Muito pelo contrário. Há quem corra atrás da contaminação.
Você já ouviu falar em “bareback”? É a prática intencional do sexo sem camisinha. Nele, os indivíduos – de maneira consciente mesmo e planejada – assumem os riscos de contrair o HIV ou outro vírus sexualmente transmissível. Em tradução livre algo como “cavalgar sem sela”. O sexo desprotegido passa a ser um desafio, uma forma de flertar com o proibido ou uma maneira de desafiar o estabelecido.
O bareback nem é uma prática nova. Explicações de especialistas giram em torno da negação da camisinha por parte de jovens que estão cansados de ouvir falar em prevenção. Há quem fale, no caso dos homossexuais, em baixa estima própria por serem tratados como degenerados e condenados a morrer com Aids.
No Brasil, a ideia parece não ter muita receptividade. Encontra-se algumas comunidades sobre o assunto no Orkut, mas ao passear pelos tópicos e usuários fica claro que em 90% dos casos há mais a vontade da prática do que o ato em si. Nos Estados Unidos e Europa, a prática do bareback se estabeleceu no mercado. Existem sites, produtoras de filmes pornôs e selos de festas voltados ao bareback. Livre arbítrio?
Hoje (17.05) é o Dia Internacional contra a Homofobia. A data foi escolhida em razão de a Homossexualidade ter sido retirada da Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 17 de maio de 1990. O fato marcou o fim do ciclo de 2000 anos em que a homossexualidade era encarada primeiro como pecado, depois como crime e, por último, como doença.
Várias movimentações estão programadas em todo o país (e no mundo, claro) para lembrar a data. Importante que ela não passe sem ser refletida. De shows a audiências públicas, as manifestações têm também um cunho político e cobram, entre outros direitos, a aprovação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que criminaliza a homofobia. A matéria está atualmente no Senado andando muuuuiiiito devagar. Desaquenda gente!

domingo, 10 de maio de 2009

Votação adiada


No último dia 6 foi adiada a reunião da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal onde seria votado o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que criminaliza a homofobia em âmbito nacional.
O projeto está tramitando no Senado há mais de dois anos. De autoria da então deputada federal Iara Bernardi, é aquele que altera a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, definindo os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Atualmente o PLC está sob os cuidados da relatora, a senadora Fátima Cleide (PT/RO). Ele ainda tem que enfrentar um longo trajeto dentro do Senado até obter a aprovação final. Por não ser terminativo dentro da CAS, o projeto precisa ainda passar pela Comissão de Direitos Humanos – onde já estava em 2008 e por manobras do senador Gim Argello (PTB-DF) foi transferido para a CAS – e pela Comissão de Constituição e Justiça, antes de ir a plenário.A expectativa é que o projeto possa ser votado nesta próxima semana, também na quarta-feira (13), caso não seja adiado novamente. É importante acompanhar o assunto e se manifestar (caso possível). Defendo a relevância do projeto e acredito que se possa chegar a uma lei que atenda a todos os envolvidos em razoável consenso, desde que o assunto seja tratado com seriedade. Enquanto isso, a Suécia tornou-se o quinto país europeu a dar direitos iguais a uniões heterossexuais e homossexuais. O Parlamento aprovou a lei por 261 votos contra 22. Os outros países que reconhecem os direitos são Holanda, Noruega, Bélgica e Espanha.
A lei aprovada, que entrou em vigor no último dia 1º, altera uma anterior, de 1994, que permitia o registro de uniões civis homossexuais, mas não casamentos formais. O texto, porém, reserva às igrejas o direito de decidir se irão realizar as cerimônias.
A Igreja Luterana Sueca já se manifestou, afirmando sua disposição de celebrar os casamentos, porém que quer manter o termo matrimônio exclusivo dos casamentos heterossexuais. Penso que o termo “casamento” acaba envolto a muita fantasia e que as pessoas se prendem a uma nomenclatura. Defendo que a comunidade gay pode – e talvez até deva – criar maneiras diferentes de vivenciar seus relacionamentos.
Os países escandinavos estão entre os primeiros da Europa a admitir as uniões gays. Na Suécia, casais gays podem firmar sociedade desde os anos 90 e podem adotar desde 2002. Ta meu bem. Me deixa! Me erra!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sonho possível


Você deve ter ouvido falar de Susan Boyle. Um fenômeno mundial que – apesar de análises em contrário – na minha opinião atingiu um sucesso que durou muito pouco. Os “15 minutos de fama” de Andy Wahrol há muito deve estar em 15 segundos... Mas a solteira de 47 anos, fora de todos os padrões de beleza e desempregada Susan Boyle provocou a gente. Pode até ser mais uma jogada de marketing, mas fez pensar em quanto somos cada vez mais feios por sermos preconceituosos.
Personificação do patinho feio, ela foi participar de um dos programas de calouro mais populares da TV britânica. Entrou no palco tímida e desajeitada. Foi recebida pelos risos de escárnio da plateia e pela ironia dos jurados. Ao começar a cantar “I dreamed a dream”, do musical “Os Miseráveis”, revelou a voz de um anjo e deu uma lição ao mundo: ressaltou como fazemos julgamentos apressados e damos valor ao superficial.
É bem provável que a maioria das pessoas se identifique com Susan Boyle em algum momento. Ela concretiza a "grande virada". Ao entrar no palco, é uma derrotada. Todos a desprezam e estão contra ela. Ao abrir a boca, seus “defeitos” se derretem diante de nossos olhos. Temos vontade de pedir perdão pela avaliação precipitada. A emoção é forte, pois há uma Susan Boyle dentro de nós querendo provar sua beleza até então invisível. Por alguns segundos parece possível o sonho de um mundo mais igualitário e tolerante.
Mudando de assunto – e de certa forma descontraindo um pouco – recentemente uma amapô (mulher) transformou um assaltante em escravo sexual. O fato aconteceu na Rússia. Cabeleireira, ela teve seu salão invadido pelo criminoso, mas conseguiu rendê-lo, pois é treinada em artes marciais. Levou o bofe para uma sala reservada e o prendeu, mas não chamou a polícia. Obrigou o cara a tomar um estimulante sexual (Viagra) e abusou dele por diversas vezes durante dois dias.
Após libertado, quem foi registrar queixa na polícia foi o bofe. Não sem antes ter ido a um hospital curar seu órgão sexual “contundido”. Gente, as amapôs não estão para brincadeira! Bobagem, o fato pode ser considerado por muitos como popularesco, mas achei interessante trazer para a coluna, pois é no mínimo inusitado, impensável antes da liberdade social e sexual conquistada pelas mulheres e – porque não – pelos homens, em tempos pré-viagra. Abafa o caso.