domingo, 18 de janeiro de 2009

Maníaco do Arco-íris e os perigos da pegação


Um suposto serial killer de homossexuais pode estar atuando no Parque do Paturis, em Carapicuíba, na Grande São Paulo. A notícia foi divulgada nacionalmente na última semana. O suspeito já teria feito 13 vítimas atraídas por sexo rápido. O local é uma típica área de “pegação” gay.
Pegação é um termo associado à pratica sexual anônima entre gays, sem compromisso, geralmente em lugares públicos, como banheiros, parques e praias. No Brasil, lugares como o Parque do Ibirapuera em São Paulo e as Trilhas de Galheta em Florianópolis são referências internacionais.
Os crimes de Carapicuíba ocorreram entre julho de 2007 e agosto deste ano, praticamente um por mês, mas até agora não tinham despertado a desconfiança das autoridades policiais, mesmo com o fato de as vítimas todas serem homossexuais, terem sido encontradas no mesmo local, com as calças abaixadas e de bruços e terem sido mortas com tiros, com exceção de uma a pauladas. A maioria das vítimas é de classe média e média baixa, sendo funcionários públicos, um detetive, um barman e um caminhoneiro.
O apelido de Maníaco do Arco-íris é uma referência à bandeira colorida dos gays e lésbicas. A dificuldade em elucidar o caso está no fato de a polícia contar com apenas uma testemunha para construir o retrato-falado e conseguir mais pistas sobre a identidade do homem. Com o caso divulgado, espera-se que apareçam pessoas que tenham visto o maníaco ou que tenham sido abordadas por ele.
Mas é justamente o anonimato que impera nestes tais locais de pegação e que podem ser campo fértil para desajustados psiquicamente. Anonimato de muitos que não querem expor seus desejos. Que têm vergonha dele. É triste que nossa sociedade ainda viva esta situação.
Às escondidas, não há como pedir socorro. Muitos também se sentem impedidos de ajudar nas investigações em nome de se manter no anonimato. Especialistas avaliam que o maníaco provavelmente é homossexual e que mata gays para tentar reprimir o seu impulso sexual.
Tudo isso expõe o fato de que muitos indivíduos ainda não aceitam sua própria sexualidade.
Há quem defenda que se destinem espaços específicos para a caçação (o ato de fazer pegação). Muitos criticam o uso de lugares públicos para esta finalidade. Faltam locais apropriados para a intimidade dos homossexuais? Não parece haver a discussão necessária para a destinação de espaços dignos. Perdura uma situação uó de tolerância enrustida, que reforça o estigma de que gay vive em locais sujos para saciar seu instinto desviante.

* Material escrito em 10.12.08.

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