domingo, 18 de janeiro de 2009

O gogo boy e o desejo


Corpão, músculos definidos, pele bronzeada, apenas uma sunga, óleo no corpo e bota de couro. O gogo boy é outra figura marcante da cena gay. Rara até bem pouco tempo na região, agora aparece com mais freqüência em boates e festas. A gogo girl também tem marcado presença.
É o ápice da fantasia do corpo perfeito, a inspiração exacerbada do erotismo e do desejo. Na atualidade consumista, é o prato ideal para sempre querer mais e nunca se satisfazer. Já dizia o psicanalista francês Jacques Lacan: “O sujeito não satisfaz simplesmente um desejo, mas goza por desejar, e essa é uma dimensão essencial de seu gozo”. Resume bem a relação do homem com o desejo. Ele é o único animal que não deseja exatamente coisas, deseja desejos, goza pelo fato de desejar.
Ainda segundo Lacan, o desejo tem caráter “vagabundo, fugidio, inapreensível”. É manifestação de um vazio que quer consumir os objetos, mas não se satisfaz com eles. Vai de um para o outro e nunca pára.
Para citar um autor mais recente, Zygmunt Bauman fala que o desejo não deseja satisfação, ao contrário, deseja o desejo. Ao analisar o consumidor numa sociedade de consumo como a nossa, ressalta que o mesmo é um acumulador de sensações.
Em meio a estes desejos e sensações é que vive o gogo boy. Por definição, homem que dança em estilo provocante. Nada mais.
Alguém que tem que ser liberal. Não deve se incomodar se alguém estender as mãos e tocar qualquer parte de seu corpo. Em alguns casos hétero – casado e até com filhos – em outros gay, comprometido ou não. Algumas vezes michê (garoto de programa).
A verdade é que na maioria dos casos se ganha pouco com as apresentações em cima do queijo (pequeno palco redondo em boates). Eles têm que se virar com outras profissões, geralmente ligadas à área esportiva – professor de academia, por exemplo.
Enquanto alguns preferem usar eufemismos para falar sobre o que fazem, como “trabalho com dança” ou “sou artista da noite”, muitos falam da satisfação de se exibir.
Também sofrem preconceito. Seja por que trabalham na noite ou até mesmo pela idade. Sim, com os 30 anos chegando, eles já não têm tanta chance de exibição. As casas noturnas preferem gogo’s cada vez mais jovens.Há quem diga que eles são exploradores do público LGBT. Que alguns fazem cara feia quando são elogiados ou cantados por gays. Estes devem se limitar então a dançar em clubes específicos para mulheres ou nos chás de cozinha. Não podemos contribuir para o aumento do preconceito.
Que os gogo boys e girls continuem animando as pistas. Ao lado das drags, promovam o entretenimento. Se joga, gente!


* Foto do gogo boy Petter Rionche, que atua na região de Araçatuba.

Um comentário:

Unknown disse...

como faço para ser um gogoboy?gosto da profissão...abração