quarta-feira, 29 de abril de 2009

Incesto e índios


Gosto de trazer temas inusitados e polêmicos para este espaço para provocar a reflexão. Hoje trato de dois assuntos destacados (ou nem tanto) recentemente pela mídia. A produção de um filme nacional que fala sobre incesto e o preconceito entre índios.
O filme é "Do Começo Ao Fim", que tem direção de Aluisio Abranches. Vai mostrar uma relação de paixão que nasce entre dois irmãos ainda na infância. O longa, que começou a ser gravado, mostrará os sentimentos que unem Thomás e Francisco, filhos do casal interpretado por Julia Lemmertz e Fábio Assunção.
Quem primeiro começa a enxergar o irmão com outros olhos é Thomás, vivido na primeira fase pelo ator mirim global Gabriel Kaufmann. Sem ter muita consciência do que sente, o personagem desenvolve uma admiração incomum com relação ao irmão pré-adolescente. Quando Thomaz está com 21 anos e Francisco com 27, o romance entre os dois se consuma.
Confira a sinopse do filme: "Um dia, sem mais nem menos, Thomás abre os olhos e olha direto para Francisco, seu irmão de seis anos. Durante a infância, os irmãos são muito próximos, talvez próximos demais. Mais tarde, quando Francisco tem 27 anos e Thomás 21, os dois se tornam amantes e vivem uma extraordinária história de amor".
O incesto é o grande tabu da humanidade. Difícil falar dele. Muito mais vivê-lo. Mas como tudo na vida, melhor encarar e conhecer do que desviar o olhar e desconhecer. Os problemas se avolumam e a gente se perde. Vale, no mínimo, pensar um pouquinho a respeito. Por que este desejo existe? O que fazemos com ele? E por quê/pra quê?
Sobre preconceito entre índios, foi divulgada pesquisa feita no Amazonas pela Funai (Fundação Nacional dos Índios). Na aldeia de Umariaçu 2, por exemplo, existem aproximadamente 3.500 índios da etnia Tikuna, sendo que 40% têm menos de 25 anos e, dentre eles, 20% são homossexuais assumidos, os “tibiras”.Segundo especialistas, a aproximação das tribos com a cultura ocidental está fazendo com que a homofobia cresça no mesmo compasso do número de indígenas assumidos. Quando eles saem do armário (ou da oca), passam a realizar tarefas como cuidar das crianças e realizar serviços domésticos. Além disso, muitos passam a pintar as unhas e a cuidar melhor do cabelo. Essa mudança nem sempre é bem vista pelos outros membros da tribo, gerando críticas e até violência. Abafa o caso.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Encontro de Blogueiros em Araçatuba

Meu amigo José Marcos, jornalista grande incentivador deste espaço, convida para o 1º Encontro de Blogueiros de Araçatuba e região. Vai ser no dia 2 de maio, no Pub Rock Beer, rua Aguapeí, 1.884. Aí Zé, vamos arrasar!!!!!!

Dia Internacional contra a Homofobia


No próximo dia 17 de maio será comemorado o Dia Internacional contra a Homofobia. Entidades de defesa dos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) de todo o Brasil estão se mobilizando. Um total de 27 cidades em 22 estados já têm alguma atividade programada e vão lembrar a importância de se lutar contra a homofobia e o preconceito.
O dia 17 de maio foi escolhido como a data de luta contra a homofobia porque, em 1990, a assembléia geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) aprovou a retirada do código 302.0 (Homossexualidade) da Classificação Internacional de Doenças, declarando que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”. A nova classificação entrou em vigor entre os países-membro das Nações Unidas em 1993.
A homofobia é definida como a intolerância e o desprezo contra aqueles e aquelas que têm orientação e identidades diferentes da heterossexual. Trata-se da aversão, ódio, medo, preconceito ou discriminação contra homossexuais, bissexuais e transgêneros.
A homofobia confere à heterossexualidade o monopólio da normalidade, gerando e incentivando o menosprezo contra aqueles que divergem do modelo de referência.
A palavra foi utilizada pela primeira vez em 1971 pelo psicólogo norte-americano George Weinberg. Combina a palavra grega “fobia” (medo) com o prefixo “homo” (igual). O significado corrente do termo é fobia à homossexualidade.
A homofobia ocorre em vários cenários: na própria família, no trabalho, nos serviços de saúde, nos serviços públicos, na política, na educação, em atividades sociais e esportivas. Se consolida em um conjunto agressivo de referências identificando lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros como pessoas perigosas, viciosas, ridículas, anormais e doentes, que cimenta ações de violência social (exclusão e escárnio público), política (desigualdade legal) e física (ataques e assassinatos).
No Brasil, de acordo com os registros do Grupo Gay da Bahia, documentaram-se 1.960 assassinatos no período entre 1980-2000 (69% de gays, 29% de travestis e 2% de lésbicas). Uma média de um homicídio a cada dois dias.
A comemoração do Dia Internacional contra a Homofobia é importante porque expõe um tema que deve ser trabalhado em conjunto por toda a sociedade. O conhecimento e a educação são a melhor solução contra o preconceito. A discriminação somente diminuirá se a sociedade trabalhar contra ela. Me deixa! Me erra!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Desejos assumidos


É só navegar um pouco por algum chat ou msn para dar de cara com alguém procurando por sexo, seja virtual ou real. A Internet permite que as pessoas vivam mais assumidamente seus desejos. A princípio não há comprometimento na rede mundial. O anonimato parece seguro e a proteção próxima das mãos – mais precisamente na ponta dos dedos. É só sair da sala ou bloquear quem não está agradando.
Encontra-se o casado que busca aventuras extraconjugais e até mesmo os tão famosos pedófilos da atualidade. Mas também verifica-se indivíduos que vivem intensamente sua homofobia. Conversas se iniciam com perguntas do tipo “Vc é afeminado?”. Às vezes se seguem de pseudojustificativas “Não tenho nada contra, mas ...”.
Há ainda quem vá para os encontros reais com pactos de sigilo. Vivem profundamente sua sexualidade (se é que se pode dizer isso) e, no entanto, continuam a acreditar no anonimato de sua existência. A rede de relacionamento aumenta e elas continuam achando que são anônimas. Independente disso, estes sujeitos parecem acreditar que apenas o dito publicamente fala sobre nós mesmos. Ledo engano.
Seria interessante que a gente pudesse ser mais verdadeiro com os próprios desejos. Que eles não ficassem escondidos em frente à tela do computador. É certo que a sexualidade é vivida entre quatro paredes e diz respeito só a quem está envolvido. Mas é péssimo que se tenha que esconder qualquer coisa.
A Oficina Cultural Regional Silvio Russo, com sede em Araçatuba-SP, abriu espaços este semestre para discussões sobre a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). São dois momentos: o ciclo de estudos “Homofobia e Violência contra Homossexuais” e a palestra “A Visibilidade da Comunidade Gay nos Espaços Midiáticos”. Os dois eventos são gratuitos, como todas as atividades promovidas pela Oficina Cultural, órgão do governo estadual.
O ciclo de estudos acontece de 16/04 a 28/05 na sede da Oficina Cultural, que fica no prédio da Secretaria Municipal de Cultura. Quem coordena é a psicóloga Heloísa Maria Martins Juncal. A palestra sobre a visibilidade da comunidade gay será coordenada por mim e está programada para o dia 06/06 na Secretaria Municipal de Pereira Barreto-SP.
São iniciativas como esta que possibilitam um olhar mais direto sobre a realidade. E “força no picumã”. Vá em frente, coragem!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Beijos gays


Marc Jacobs, estilista norte-americano em férias no Brasil, foi flagrado aos beijos no Rio de Janeiro, mais precisamente em Ipanema, com o namorado brasileiro Lorenzo Martone. Ele vestia uma saia plissada e trocou carinhos em dia ensolarado ao chegar em um restaurante. Jacobs pode!
Personalidade do mundo da moda, o estilista veio ao país inaugurar sua loja em São Paulo. Aproveitou para oficializar seu relacionamento com Martone, celebrando o noivado. Foi recebido com festa que reuniu celebridades como Carolina Ferraz e Larissa Maciel (protagonista da minissérie Maysa – Rede Globo) no tradicional Largo do Arouche, centro da capital paulista.
A boate gay Cantho foi fechada para os pobres mortais. O estilista contratou mais de 50 seguranças para circular na casa e nas redondezas. O staff da casa foi substituído por uma equipe trazida por Jacobs e os habitués foram barrados. Para beber, champanhe Veuve Clicquot, que não costuma ser servida na boate.
O fato corrobora a idéia que defendo de que a aceitação da comunidade gay está intimamente ligada ao seu poder econômico. Jacobs tem status, tem money. Não é preciso ser Zoraide (metido a clarividente) para enxergar isso.
Na última semana, Jim Carrey ficou sem uma distribuidora nos EUA para seu filme “I Love You Philip Morris” porque a produção tem uma cena de sexo gay. Pasmem. Em terras hollywoodianas, parece que o preconceito ainda impera. Mesmo Hollywood sendo acusada de defender a “causa gay”. Incompetente esta indústria cinematográfica, hein?
E olha que nos últimos tempos, não faltaram filmes explorando a temática homossexual. Vale ressaltar “O Segredo de Brokeback Mountain”, de Ang Lee, indicado a oito Oscars e que foi visto por mais de 150 milhões de espectadores no mundo. Mais recentemente, “Milk – A Voz da Igualdade”, filme que rendeu o Oscar de melhor ator a Sean Penn este ano. O preconceito brota dos cantos mais inusitados. Termino lembrando do beijo repreendido na Universidade de São Paulo (USP), em outubro, quando dois jovens – um de 25 e outro de 18 – foram discriminados, sendo expulsos do local. Um deles se surpreendeu: “Venho do interior, nunca passei por isso lá. Aí sou discriminado na USP e em uma cidade como São Paulo, que aparentemente é uma cidade aberta à diversidade”. Uzê (pior que uó) demais.

Percepções


Em capítulo recente da novela “Caminho das Índias”, o personagem Opash (vivido pelo ator Tony Ramos), cheio de superstições, encontrou “aravanis” na saída de casa e tomou isso como fato de bom agouro. Aravani é o nome dado na Índia ao transexual. E o bom agouro veria da alegria que ele transmite. Por isso, o personagem deu dinheiro aos aravanis e saiu satisfeito para mais um dia de negócios.
Todos os anos, os transexuais se reúnem na região de Tamil Nadu, no sul da Índia, para o maior festival do gênero no mundo. Eles prestam homenagem ao seu deus protetor Koothandavar, que se casou com Vishnu depois de adotar a forma de mulher.
O Festival de Koovagan recebe gente de várias partes do mundo e a imprensa internacional. O governo indiano oferece uma linha especial de ônibus para o evento. Comerciantes vendem braceletes, especiarias, cocos e flores.
É claro que a parte comercial não poderia estar de fora. Mas quero destacar as nuances e contradições das tolerâncias e intolerâncias. Permanecendo na Índia, – nem há necessidade de percorrer o mundo – verificamos no mesmo país que os “hijras” (eunucos) são excluídos do mercado de trabalho. Este grupo inclui desde homens que decidiram se castrar e agir como mulheres a hermafroditas, incluindo casos convencionais de transexualismo. Outro fato curioso: o passaporte indiano oferece legalmente a possibilidade de um hijra escolher entre os tradicionais “feminino” e “masculino” no campo “sexo”.
As relações homossexuais na Índia são consideradas crime e podem ser punidas com até 10 anos de prisão. Muitos gays têm medo de sair do armário por causa da possível reação da família. A instituição mais importante na Índia é o casamento, por isso, muitos se casam e têm filhos. A homossexualidade é vivida na escuridão.
Chupa essa manga. Mudando de assunto, mas permanecendo no campo das percepções: pesquisa recente da Universidade de Wisconsin (EUA) mostrou que corpos sarados de homens nas propagandas diminuem a auto-estima dos próprios homens. O estudo apontou que as imagens do tal “corpo perfeito” reduzem a confiança dos homens em relação ao seu corpo.
Apesar de muitos interpretarem como um recado para começar a se exercitar, vários outros acabam se sentindo atraídos ao uso de esteróides e outros mecanismos para aumentar a massa muscular. Olha os interesses econômicos aí de novo. Me erra! Me deixa!

99% de preconceito


Esta é pra ficar lesado. O preconceito é muito maior do que parece. Segundo pesquisa das fundações Perseu Abramo e Rosa Luxemburg (alemã), o absurdo percentual de 99% da população brasileira tem preconceito contra homossexuais.
O número é altíssimo, mas condizente com nossa época de preconceito velado. Vista de longe, nossa sociedade parece estar se livrando deste mal, mas de perto...
Vamos tentar sair do superficial. A pesquisa vem sendo divulgada pela advogada Sylvia Maria Mendonça do Amaral, autora do livro “Manual Prático dos Direitos Homossexuais e Transexuais” e editora do site “Amor Legal”. Segundo ela, o levantamento apurou aqueles que são assumidamente preconceituosos, aqueles que disfarçam seu preconceito e uma categoria denominada “outros”.
Os assumidamente preconceituosos são 16% dos entrevistados. Eles afirmaram ter forte preconceito, considerando os homossexuais “doentes”, “safados” ou “sem caráter”. Os pesquisados que disfarçam seu preconceito, a princípio negaram esse sentimento, mas ao longo de uma hora de entrevistas fizeram afirmações homofóbicas.
Respostas revelaram homofobia em 99% dos 2.014 entrevistados selecionados entre os maiores de 16 anos, com diversos graus de escolaridade e de várias regiões do país. A maior parte das respostas indicava que a homossexualidade é recriminável, pois “Deus criou o homem e a mulher, com sexos diferentes, para que tenham filhos”. Muitos outros a consideraram como “pecado” e que “a homossexualidade é uma doença que precisa ser tratada”. Apenas 1% dos milhares de entrevistados disseram não ter preconceito.
Geram apreensão os números da pesquisa. Principalmente ser relacionarmos às atitudes discriminatórias que resultam deste preconceito e levam à intolerância traduzida em crimes contra lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. São necessárias ações das autoridades para reverter tal situação.
Em maio, o governo federal lançará o Plano Nacional de Promoção da Cidadania LGBT. Serão várias ações, centradas principalmente em saúde, educação e justiça. Além disso, ainda neste semestre, o Brasil participará, com mais dez países latinos, de uma campanha de combate à homofobia em rádio e TV.
O Projeto de Lei n° 122, que criminaliza a homofobia, está em tramitação no Senado. O importante é continuar lutando por igualdade e dignidade. Me deixa!!!

Espaços gays?


Notícia publicada pela Folha da Região (Araçatuba/SP) no último dia 4 de fevereiro intitulada “Banheiros viram espaço de encontro” apontou o fato de usuários de banheiros públicos usarem os locais para marcar ou mesmo realizar encontros sexuais. Assinada por Sérgio Teixeira, a matéria destacou que as relações são procuradas tanto por heterossexuais como por homossexuais, mas que acontecem principalmente em banheiros masculinos.
No dia 14 de dezembro, abordei neste espaço o assunto pegação (prática sexual anônima entre gays) ao falar da atuação do chamado Maníaco do Arco-íris em Carapicuíba-SP. Questionei a utilização dos locais públicos, a criação de espaços específicos e a falta de discussão sobre lugares dignos. Aproveito a notícia para voltar ao assunto e tentar ampliar um pouco mais os questionamentos.
Estes banheiros são locais utilizados por gays? Sim, alguns homossexuais masculinos usam estes lugares para marcar encontros ou transar. Mas o fato é bem mais complexo. No mesmo espaço estão heterossexuais, bissexuais e mais o quê?!
É preciso sair do superficial. Estes locais são frequentados também por indivíduos que não querem comprometer sua imagem na sociedade. Neles, o cara casado que quer ter uma “aventura” com outro homem pode dar vazão à sua fantasia sem se expor em locais conhecidos como espaços gays.
Mais que isso, lugares como este mostram que hétero, homo ou bissexualidade acabam sendo apenas rótulos mesmo.
Local semelhante são os chamados “cinemões”. Cinemas geralmente antigos em grandes centros urbanos que exibem filmes pornôs e são utilizados para a prática sexual anônima.
Por que estes espaços existem? É possível acabar com eles? Eles atendem às necessidades de um público bastante heterogêneo (de várias classes sociais e níveis culturais) e não menos populoso (desconheço números oficiais). A ocorrência dos cinemões, por exemplo, é verificada ao redor do mundo: Nova York, Paris, Londres... Bauru. E cobrar entrada no banheiro do Metrô em São Paulo serviu apenas para tirar da parada quem não pode pagar.
Fato curioso é que estes espaços teoricamente de marginalidade e transgressão são discriminados pela “cultura gay”, burguesa e elitista. Não dá para defender a destruição pública refletida nos banheiros quebrados, mas também não dá para ignorar o desrespeito pessoal na falta de aceitação de nossas vontades.

Em extinção




Recentemente, um amazonense lançou um livro curioso e, até bem pouco tempo, inusitado. Com o nome de “Alô, Doçura – Os protocolos secretos da AMOAL”, o autor afirma que o “homem heterossexual está em extinção”. Politicamente incorreto, ele clama a resistência masculina para se defender dos “homossexuais, dos tribufus e das mocréias”.
Ocó (homem) deste tipo, preconceituoso e chauvinista, é melhor se extinguir mesmo. Chupa essa manga. A sigla AMOAL do subtítulo tem um sugestivo significado: Antiga e Mística Ordem dos Abatedores de Lebres. O tal Simão Pessoa também é autor do “Manual do Canalha” e do “Manual do Espada”. E de antigo não quer ter nada, atualizando a figura do machista.
O cara diz que homossexuais, lésbicas e feministas – “todas estas coisas que tentam atrapalhar a relação homem-mulher” – são inimigos. O livro seria um protesto contra a sociedade “comum de dois gêneros” que a mídia faz com que todos acreditem.
A idéia parece absurda, mas se há quem a defenda, deve haver outros que concordam.
A humanidade tem sido cíclica na aceitação de alguns temas e a homossexualidade é um deles. Não é preciso voltar na antiguidade para constatar avanços e recuos nesta área. Acredito que o momento atual tem sido um dos mais propícios para discussão franca desta e de outras formas de expressão da sexualidade.
O que me preocupa é que haja uma movimentação retrógrada. Entendo que a luta das mulheres por espaço digno em nossa sociedade esteja intimamente ligada a dos homossexuais. E as movimentações antiquadas nascem assim, pelas bordas. O preconceito hoje tem este caráter velado.
É uma fala inocente numa novela sobre o fato de que o homem está em extinção e quem “tem” o seu que cuide dele. São mulheres que se autodenominam modernas e independentes, mas – confusas no papel que desempenham – buscam ainda o provedor.
O homem prepotente e egoísta. Aquele que não é cavalheiro, sem educação e cultura. O que não vive os próprios sentimentos e emoções. Este sim deve ser extinto.
O olhar masculino diante da vida. A garra, a força, a praticidade e a energia voltada para a ação, características relacionadas historicamente ao homem, continuam bem-vindas. Assim como o heterossexual, ou seja, o homem que verdadeiramente respeita e ama uma mulher.
Pessoal, deixa de ser Alice (homossexual tolo)!

Educação


Livros didáticos distribuídos em escolas públicas ignoram a homossexualidade ou se referem incorretamente ao tema, segundo pesquisa finalizada recentemente pela Ong Anis (Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero) e a Universidade de Brasília (UnB). Foram reunidos, nos últimos dois anos, 61 livros distribuídos pelo Ministério da Educação (MEC) para o Ensino Fundamental e Médio. Um dicionário analisado usa as expressões “veado” e “pederasta” para definir o verbete gay.
Projeto de lei que tramita na Assembléia Legislativa de São Paulo prevê educação sexual no ensino público. A votação está programada para o início do ano legislativo. Experiência adotada em escola estadual da zona sul da capital trouxe bons resultados. Depois que o tema "contracepção" foi inserido na unidade, os casos de gestação precoce caíram em 80%.O tema envolve vários tópicos discutíveis. Desde o próprio termo “educação sexual”, passando pela idade ideal para se iniciar a abordagem do assunto, até quem estaria habilitado para isso. Mas acima de tudo, o importante é esclarecer, informar, pois o desconhecimento, o não dito ou o mal dito, gera fantasias, angústias e distorções como as dos livros didáticos citados acima.
A expressão "educação sexual" já teria caído em desuso. O termo aceito agora seria “orientação sexual”. Esta última, envolve o fornecimento de informações sobre sexualidade e a organização de um espaço de reflexões e questionamentos sobre posturas, tabus, crenças e valores a respeito de relacionamentos e comportamentos sexuais.
Abrange o desenvolvimento sexual compreendido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, imagem corporal, auto-estima e relações de gênero. Enfoca as dimensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais da sexualidade.
É instrumento preventivo da gravidez precoce, da Aids, do aborto e das DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis).
Idade ideal para a orientação sexual? Segundo profissionais da Psicologia e Biologia, desde sempre. A idade ideal é aquela que tem a chamada demanda, quando a criança solicita. Classe, recreio, educação física. Todos são espaços de intervenção. Em casa também, desde que a criança solicite e restringindo-se ao que ela está questionando. A escola complementa o que é iniciado no lar, supre lacunas, combate preconceitos e revê conceitos destorcidos.
O profissional mais indicado é, sem dúvida, o psicólogo com sólida formação na área biológica. Por ser um tema complexo e exigir sobretudo confiança, pode ser também um professor que tenha preparo teórico e desperte vínculos e confiança em seus alunos.
O importante é promover o bem-estar sexual, a partir de valores baseados nos direitos humanos e relacionamentos de igualdade e respeito entre as pessoas. Liga o pisca alerta, pessoal. Acorda!

Apresentando o parceiro

Se alguém chegou a ponto de se preocupar com a apresentação de seu parceiro (ou parceira) numa relação homossexual para família e amigos, é porque provavelmente muita coisa já tenha rolado, tanto na própria relação quanto individualmente.
A apresentação neste caso geralmente envolve um certo amadurecimento da vida do casal. Senão pode ser loucura expor algo que não é forte o bastante para enfrentar possíveis ações contrárias.
Também envolve um certo amadurecimento pessoal. Apresentar alguém é concretizar aquela homossexualidade que até então pode estar apenas nas palavras. Oportunidade de mostrar que a sua sexualidade é vivida de maneira séria.
O fato pode ser fonte de dissabores ou de muitas alegrias, como em qualquer relação – hétero, por exemplo. Sua mãe ou pai pode não se dar bem com ele (ou ela) e a vida de todos pode se tornar um inferno. Ou então seus pais vão se afeiçoar tanto a ele (ou ela) que, se um dia você vier a terminar o relacionamento, eles vão recriminar você o resto dos dias.
Uma das principais preocupações dos pais é que seus filhos encontrem felicidade no relacionamento amoroso. No caso de pais de homossexuais, esta esperança às vezes parece remota, especialmente para aqueles que tenham tido acesso apenas a mitos e informações deturpadas a respeito da vida gay. Os pais se sentem bem com boas notícias nesta área. Querem que seus filhos experimentem os benefícios emocionais de um compromisso firme e maduro. E isso acontece. Homens e mulheres homossexuais se apaixonam e vivem felizes da mesma forma que casais tradicionais.
É possível encontrar alguém que preencha as necessidades de companhia, de apoio, carinho e compreensão. Muitas relações homossexuais duram uma vida inteira; outras têm seu propósito durante um período, os dois crescem de forma independente e – depois de um tempo – decidem romper.
Como tudo na vida, espaço nesta área também exige conquista. A família e os amigos vão conhecendo a pessoa e, aos poucos, adquirem confiança e passam a amá-la. Pais que estão bem ambientados com o estilo de vida dos filhos, frequentemente entendem os benefícios de partilhar suas vidas com uma outra pessoa e abençoam o relacionamento, aceitando o companheiro (a). E esta benção, por sua vez, ajuda na estabilidade da relação. Tá meu bem?!