segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A questão do armário


A expressão “sair do armário” refere-se ao anúncio da própria orientação sexual ou identidade de gênero. Estar fora do armário significa que alguém lésbica, gay, bissexual ou transgênero não oculta tal orientação ou identidade.
Nos Estados Unidos existe até o dia para sair do armário (National Coming Out Day), comemorado em 11 de outubro de cada ano. E não são poucos, inclusive aqui no Brasil, os que dão dicas da melhor maneira de deixar o closet. Entre elas, é importante escolher o momento certo, que pode ser uma ocasião em que a pessoa ou as pessoas estejam mais receptivas – datas festivas podem não ser uma boa idéia. Manter-se calmo, não deixar ninguém interromper na hora H e estar preparado para uma avalanche de perguntas posteriores também são sugestões importantes. Manter a própria intimidade vai depender mais de quem sai do armário do que aqueles que estão assistindo a cena. Trabalhe sempre com a hipótese de represálias – tipo expulsão de casa. Pense em alguém que possa ajudar numa situação desta. Nem pense em se arrepender, porque agora não há mais volta.
É claro que a decisão de sair do armário é extremamente pessoal e cada um tem seu tempo – ou talvez nunca venha a ter, por opção também. Mas os que passaram pela experiência, na maioria dos casos, não se arrepende. Muito pelo contrário. Em um site de perguntas e respostas, encontrei um depoimento interessante fazendo analogia entre sair do armário e entrar em uma piscina em dia quente: “A princípio a água está fria e dá medo de entrar... uma vez que você entra, percebe como é bom e como você estava sentindo calor lá fora. Depois que você sai do armário, pode ser quem você é, sem personagens nem máscaras. Quem não te aceita como você é.... não aceita de jeito nenhum”.
A maior vantagem de sair do armário acaba sendo a possibilidade de exposição de uma maneira de pensar e sentir o mundo. A possibilidade de informar, de esclarecer e de dialogar. Só isso poderá um dia acabar com a homofobia – o ódio, aversão ou discriminação de uma pessoa contra homossexuais ou a homossexualidade.
As figuras públicas acabam tendo papel primordial nesta questão. Ao assumirem sua orientação ou identidade, mostram a todos o quanto isso é comum e ajudam a combater preconceitos.
A eleição para prefeito de São Paulo, que se define hoje, colocou a sexualidade e o armário em questão. Em uma propaganda de campanha, Marta Suplicy perguntou: “Você sabe se Kassab é casado? Se tem filhos?”. Como Kassab não é casado e não tem filhos, representantes da comunidade gay taxaram a propaganda de homofóbica e preconceituosa, considerando-a um abuso contra o direito do prefeito de manter sua sexualidade bem guardada no fundo do armário. Excluindo o fato de que Marta pode ter jogado no lixo sua biografia de luta e apoio à causa LGBT, caso Kassab realmente seja gay, perdeu a oportunidade de defender sua orientação sexual ou identidade e de ajudar a torná-la respeitada.

Caminhando para a bissexualidade?


Freud até tentou explicar, mas o fato é que a sexualidade humana assume manifestações tão diversas que muitos indivíduos se confundem. O ideal seria não haver rótulos, mas já que eles existem, tentemos entendê-los.
O Pai da Psicanálise até sugere uma bissexualidade universal ou original dos seres humanos. Universal porque diria respeito a todos: homens e mulheres, definidos anatomicamente como tais. Original ao relacionar com a origem de nossa vida psíquica.
Alguns falam em modismo – como se o desejo sexual pudesse ser trocado como se troca um produto (ou compra-se outro) em nosso Maravilhoso Mundo Consumista. Há quem diga que a humanidade caminha para a ambigüidade.
A notícia nem é tão nova. Figura em diversos sites desde o ano passado. O cientista italiano Umberto Veronesi afirmou que a espécie humana está caminhando para a bissexualidade e que isto nada mais é do que o resultado da evolução natural. Alôca!
“O homem está perdendo suas características e tende a se transformar numa figura sexualmente ambígua, enquanto a mulher está se tornando mais masculina. Desta forma a sociedade evolui para um modelo único", disse Veronesi.
Para ele, o sexo no futuro será apenas um gesto de demonstração de afeto e não terá fins reprodutivos. Por esta razão, poderá ser praticado entre pessoas de sexos opostos ou não. E o cara aponta o fator hormonal como indicador do movimento rumo à bissexualidade. "Desde o pós-guerra a vitalidade dos espermatozóides diminuiu 50% porque as mudanças das condições de vida estão fazendo com que a hipófise (glândula responsável pela produção dos hormônios) produza cada vez menos hormônios andrógenos (masculinos).”
Segundo Veronesi, o homem não precisa mais de uma intensa agressividade física para sobreviver. Com as mulheres, que tem papel cada vez mais ativo na sociedade, acontece o mesmo: produzem cada vez menos hormônios femininos ao longo dos anos. Este seria o preço que se paga pela evolução natural da espécie, que, ainda segundo o cientista italiano, nasceu da busca pela igualdade entre os sexos.
A bissexualidade já foi bem mal vista e alvo de muito preconceito. Sua imagem parece passar por uma reformulação nos dias atuais. De rejeitada por não se enquadrar na heterossexualidade nem na homossexualidade – portanto mais difícil de entender –, hoje ganha toques de curiosidade e muitos se enquadram nela dizendo querer novas experiências. Nada de se espantar numa sociedade cada vez mais imatura. Importante observar e repensar nossos comportamentos sempre. E viva a diversidade!

A polêmica da adoção






O assunto ainda é um dos mais controversos: a adoção de crianças por casais gays. Muitos temem que os pequenos possam ter desvios de sexualidade ao viverem em famílias chamadas homoafetivas (formadas por pessoas do mesmo sexo). No entanto, é muito difícil afirmar que uma criança adotada por um casal gay venha a ser gay devido ao convívio. É dizer o mesmo que filhos de héteros serão necessariamente héteros.
Enquanto isso, os “erês” abandonados é que sofrem. São 80 mil em todo o Brasil e em torno de 100 só em Araçatuba aguardando por um lar.
Não deve haver preconceito na hora de garantir a uma criança abandonada o direito a uma segunda família quando a biológica faleceu ou mostrou-se indigna.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) não menciona, em nenhum momento, a opção sexual do candidato como condição para a adoção. Seu artigo 42 diz que “podem adotar os maiores de 21 anos, independente do estado civil”. O que se deve levar em consideração são as “reais vantagens para o adotando” (artigo 43). A conduta moral deve ser levada em consideração, para saber se a criança viverá em um ambiente saudável e seguro.
Os pré-requisitos para que um casal possa adotar uma criança é que seja idôneo. A Justiça já se pronunciou em diversas ocasiões concedendo a adoção de crianças independente da preferência sexual.
A primeira abertura do Poder Judiciário brasileiro relativa a dois homens foi na cidade de Catanduva-SP quando um juiz aceitou que eles entrassem na fila de espera de pais adotivos em 2004. Antes deles, dois casais de mulheres conquistaram o mesmo direito em Bagé-RS e Rio de Janeiro-RJ. Conseguiram graças à resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia. Tal documento entende que a homossexualidade não é uma doença, desvio ou distorção e, por isso, os profissionais de Psicologia não devem colaborar “com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”.
A relação de um casal homossexual com o filho adotado não deve estar centralizada na orientação sexual dos pais, mas acima de tudo deve ser transparente. Infelizmente, o preconceito e a discriminação podem atingir a criança nos diversos ambientes de seu convívio. É fundamental ser bastante claro sobre o assunto e estar disponível para conversar.
Interessante destacar que são freqüentes os relatos de pais que abandonaram ou discriminaram os filhos por eles serem gays, mas são raros os casos de filhos que rejeitaram os pais pelo mesmo motivo.
Nada de truque. Não seja “fake”. A verdade é a maior demonstração de amor e é disso que todos precisam.

Quem é o ativo, quem é o passivo?


Pergunta comum entre heterossexuais que não sabem como funcionam as relações homossexuais, o fato de alguém ser ativo ou passivo “preocupa” muito mais gente do que deveria, inclusive entre os próprios gays.
No dicionário, ativo é o que exerce ação, que atua, que opera. Também significa vivo, laborioso, empreendedor. Enérgico, eficaz. Aquilo que se possui (por oposição a passivo, o que se deve). Já passivo é o que sofre ou recebe uma ação. Não atuante, inerte, indiferente, apático. Que não participa, que não toma parte ativa. É ainda o conjunto de dívidas e encargos.
Alguns heteros ficam tentando adivinhar quem é o “homem” (ativo) e quem é a “mulher” (passivo) na relação homossexual.
Bobagem. Os conceitos de gênero (aquilo que é característico do homem e da mulher) são construídos culturalmente. Os gays têm a oportunidade de repensar estes conceitos já que não fazem parte do estabelecido pela maioria na sociedade.
Pode até acontecer de o casal seguir um modelo aproximado do que é vivido pelos heterossexuais, mas não é e nem deve ser regra.
Os chamados passivos sofrem mais preconceito e isso acontece entre os próprios gays. Muitos não querem ser identificados como tal. Não querem dar close. Mas o fato acontece também com outros homens que fazem sexo com homens e não querem ser vistos com homossexuais afeminados.
Por que isso? Uma explicação estaria ligada ao papel historicamente ocupado pela mulher de passividade e submissão. Ao homem está reservado o papel contrário. Quebrar essa regra é uma transgressão passível de punição. Principalmente para o homem, que estaria abrindo mão de seu lugar de poder submetendo-se a outro homem.
A punição – muitas vezes ainda – é a humilhação e o isolamento, mesmo que de maneira velada. A aversão de alguns gays aos afeminados estaria calcada na mesma visão.
Há quem fale também que o fato seria resultado de um mecanismo de defesa. O sujeito condena no outro aquilo que existe em si mesmo, mas ele não quer ver.
Ao repensar os papéis e as relações entre homens e mulheres e integrar o masculino e o feminino existentes em nós mesmos, temos oportunidade de nos repensarmos também e nos tornarmos indivíduos mais autênticos e completos.
Masculino e feminino integrados contribuem para a maturidade do ser humano. O desenvolvimento desses aspectos amplia nossa personalidade e ainda enriquece nosso relacionamento com os outros. É para abalar!

Culto à beleza e preconceito




Quanto tempo vamos viver? Oitenta , noventa anos? A expectativa de vid a tem aumentado, movida pelas descobertas científicas e tecnológicas. E, assim, é possível pensar em vida longa com qualidade.
Mas a humanidade é mesmo complexa: enquanto cria mecanismos para agilizar a vida, tudo anda muito devagar quando o assunto é romper preconceitos. Situação mais “uó”, mais desagradável. Sem dúvida, há muitos preconceitos para a gente se livrar.
A beleza está cada vez mais valorizada e a juventude também. Vive-se um verdadeiro culto ao belo, que atende a um mercado em franca ascensão. Cresce o número de cirurgias plásticas (30% ao ano – Isto É, 2000), que tentam resgatar a aparência jovial de homens e mulheres. A busca pelo corpo perfeito por meio da prática de exercícios e suplementos aumenta de maneira muitas vezes patológica. A possibilidade de transformar o corpo criou uma espécie de necessidade de “corrigi-lo”.
Buscar a beleza é um direito de todos e é importante, desde que seja de uma forma saudável. Mas é muito incoerente pensar que enquanto as pessoas pensam em viver mais elas próprias criam mecanismos que limitam a participação dos mais velhos em sociedade. Para serem aceitas é preciso encontrar a turma apropriada, o seu gueto. Fora disso, os indivíduos são discriminados. O diferente choca, incomoda.
Que as preferências ditem os grupos é aceitável, mas que idade, padrão de beleza, cor da pele ou classe social limitem a permanência e a aceitação de alguém em algum lugar é de uma pobreza de espírito sem limites.
O mais complicado é que os grupos que sofrem historicamente preconceito, como as mulheres, os gays e os negros, também ajudam a manter esteriótipos de beleza ligados à idade. Na comunidade gay, o homossexual mais velho é a “Tia”, muitas vezes descartado.
É preciso estar atento para não levar isso adiante. O preconceito limita a vida. Não adianta ter tantas facilidades quando não podemos desfrutar do prazer de viver e de deixar viver. Se queremos usufruir de uma vida sem preconceitos, é preciso tirar esse mal de dentro de nós mesmos. Tenha carão, não faça carão. Seja bonito, não faça pose.

sábado, 25 de outubro de 2008

Aids: o perigo de minimizar riscos


Os perigos de contaminação pelo HIV são proporcionais às situações de exposição ao vírus. E não existe mais grupo de risco. O risco é achar que se está “acima” do bem e do mal. Na verdade, estamos “entre” o bem e o mal e cresce a displicência em relação à prevenção.
O egocentrismo característico dos primórdios de nossa psique leva a crer que coisas ruins sempre acontecem com os outros, nunca com a gente. No entanto, quanto mais uma pessoa se expõe, mais ela corre perigo.
Há muito se sabe que os métodos preventivos não são 100% seguros. Seguro seria não praticar sexo. Preocupações neuróticas a parte, a recomendação é tomar as precauções necessárias e aconselha-se a monogamia ou a redução do número de parceiros para não ser “gongado” – ou derrubado.
Acontece que muitas vezes a gente acha que está tomando as tais precauções quando na verdade pode se estar arriscando. A percepção de perigo acaba sendo comprometida pelo que a maioria faz. Nosso mundo imediatista não deixa para depois o prazer que podemos ter hoje, agora, já. Temos tantos desprazeres, vivemos tantas pressões que não queremos abrir mão de nenhum prazer. Busca-se viver intensamente, o mais rápido possível. Deixar qualquer prazer para mais tarde parece o mesmo que abrir mão dele, pois o futuro pode não existir.
Um monte de gente faz, por que logo eu não vou fazer? A atitude adotada muitas vezes segue este pensamento. O medo de morrer de Aids parece ter sido atenuado com os coquetéis que prolongaram a vida dos portadores do HIV e trouxeram mais qualidade de vida para eles. A doença deixou de ser tão assustadora quanto no final da década de 80 e nos anos 90, quando personalidades morreram em “praça pública”.
Talvez por isto, hoje muitos não se preocupem em fazer sexo oral sem camisinha, por exemplo. Alguns acham até absurdo usá-la neste caso. Mas os riscos existem. Existem até mesmo no uso do dedo ou compartilhamento de acessórios. O certo é encapá-los. O chamado uso inconsistente (não usar sempre) do preservativo também pode levar à transmissão em apenas um ato.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a população brasileira de gays e outros HSH (Homens que fazem sexo com Homens) entre 15 e 49 anos foi estimada em 3,2%, cerca de 1,5 milhão (2004).
Os HSH relatam maior freqüência do uso do preservativo. Um total de 59,8% reportaram a utilização, contra 43,3% dos não HSH.
De 1980 a 2006, foram identificados 433.067 casos de Aids no Brasil. Apesar do crescimento no número de heterossexuais com o vírus, não se observa redução entre os homossexuais desde final dos anos 90.
Acorda!!! Pensar que não se está sujeito a riscos ou que estes riscos são muito pequenos é o erro. “Atenda” – faça sexo – com responsabilidade.

sábado, 18 de outubro de 2008

Lésbicas lutam por visibilidade


E aííí? Aos poucos, a denominação GLBT para gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros tem sido alterada para LGBT. O significado de cada uma das letrinhas é o mesmo, só que as lésbicas ficaram na frente. Seguindo tendência mundial, a sigla passou a ser usada oficialmente no Brasil após ser aprovada na 1ª Conferência Nacional GLBT, que aconteceu no último mês de junho em Brasília. A mudança procura valorizar as lésbicas no contexto da diversidade sexual. Tudo!
O fato é que as mulheres homossexuais, a exemplo das heterossexuais, também são vítimas de nossa sociedade essencialmente machista. As conquistas e a visibilidade são maiores entre os homens homossexuais, que de modo geral são mais livres para se expressar.
As lésbicas muitas vezes não aparecem porque têm medo de ser discriminadas, maltratadas e humilhadas. Tornam-se invisíveis, quase inexistentes. Sabemos que elas existem, mas não sabemos onde estão, como são, o que pensam e o que desejam. Aos poucos isso tem mudado. A inclusão do “L” na frente da sigla do movimento gay deu-se pelo grande crescimento do movimento lésbico e pelo apoio da comunidade gay às mulheres homossexuais.
No próprio meio gay o fato é gritante. Os locais de diversão e os eventos geralmente são dirigidos aos homossexuais masculinos. Hoje se vê uma mudança, com casas específicas para as mulheres ou eventos direcionados.
Não estou defendendo a segregação dentro do que pode ser considerado por muitos como um gueto. No entanto, considero muito importante iniciativas como o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, comemorado no último dia 29 de agosto. É uma forma legítima de lutar por reconhecimento. Diferentes organizações que formam o movimento lésbico no país concordaram que a própria institucionalização da data já é um motivo para comemorar.
A escolha do dia 29 remete ao ano de 1996, quando aconteceu no Rio de Janeiro – pela primeira vez no Brasil – o Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE). Mais de cem mulheres de várias partes do país debateram sobre temas como direito, saúde e relacionamento. Era o primeiro passo na caminhada por visibilidade.
Outro fato importante também comemorado em agosto foi o manifesto pelos direitos das lésbicas ocorrido no Ferro’s Bar, no centro de São Paulo, em 19 de agosto de 1983, que originou o Dia do Orgulho Lésbico.
É continuar lutando por novas conquistas e ampliando as ações. Se joga, gente!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Gays são plurais como os normais

Quando se fala em gays, logo vem a imagem do homem afeminado ou da mulher masculinizada. Podemos dizer que o homossexual segue uma cartilha de características para poder ser classificado como tal. No caso dos homens, devem ter gestos delicados, fala afetada e muita sensibilidade. Já as mulheres, atitude agressiva, voz grossa e jeito rude.
Estigmatizar é marcar a ferro. Reduzir uma pessoa a qualquer marca diferencial, enfim, rotular a partir de um defeito físico, da gordura, da magreza, da cor da pele, da religião, do modo de falar ou vestir. Qualquer traço que fuja aos padrões “normais” pode levar à estigmatização, discriminação, rejeição ou exclusão.
Desaqüenda ... desembaça ... desapega ... os gays – como qualquer ser humano – são plurais. Tem gay que gosta de futebol, coça o s. e cospe no chão. Um verdadeiro ocó (homem com jeito de homem). Tem lésbica que adora batom, é emotiva e frágil. Autêntica lesbian chic (executiva e fina).
A preferência sexual não dita comportamentos nem interesses sociais. Refere-se apenas ao desejo físico e/ou emocional que sentimos por alguém.
A pluralidade também domina o universo extremamente estigmatizado dos homossexuais. No cenário gay vemos a Bill do Armário (não assumido), a Barbie (musculoso bombado), a Monette Fashion (que veste roupas caras), a Pão com Ovo (que usa roupas baratas), a Drag (artista que se veste do outro sexo), o Urso (peludo), a Tia (em decadência), a Quá-quá (que desmunheca e usa roupas extravagantes) e o Meigo (aquele que você nunca tem certeza se é, o Meio-gay), entre muitos outros. Alguns até mesmo confundem: caso das barbies e dos héteros bombados. Muitas vezes difícil identificar quem é quem de imediato.
O bom é saber que existem gays médicos, engenheiros, jornalistas e executivos. Também pedreiros, cabeleireiros, mecânicos e costureiros.
Por mais contraditório que possa parecer, as diferenças nos mostram o quanto somos iguais. Força no picumã (coragem)!!!

Conquista de espaço da comunidade gay


O grande basfond – ou babado, para usar dois sinônimos do dicionário gay para “acontecimento” – tem sido a conquista de espaço da comunidade gay em nossa sociedade. Ponto a favor da diversidade, pena que mais uma vez o fato pareça estar intimamente ligado a questões econômicas, o que soa perfeitamente “natural” no mundo capitalista no qual vivemos (nada contra ele, muito pelo contrário).
Para defender a idéia de uma coluna sobre o público gay em jornal diário, procurei números e contabilizei. Um total de 36% são da classe A, 47% da B e 16% da C. A maioria (57%) tem nível superior – outros 40% nível médio e apenas 3% ensino fundamental. Talvez o mais importante: gastam 30% a mais do que os heterossexuais. No Brasil, a população gay, incluindo-se lésbicas, bissexuais e transexuais, soma 18 milhões (10% da população geral).
A Parada Gay em São Paulo reuniu 3,5 milhões de pessoas este ano e hoje é o principal evento da cidade, deixando para trás até o milionário mundo da Fórmula 1. O evento atrai 600 mil turistas, que gastam R$ 200 milhões com compras e diversão em bares, restaurantes e casas noturnas. “Tá, meu bem?” Com tudo isso, é óbvio, a comunidade gay vai marcando posição e conquistando seu espaço. A exemplo das mulheres, que passaram a ser mais respeitadas a partir do momento que produziram e consumiram mais. Negros, crianças, idosos e portadores de necessidades especiais também são ouvidos e ganham espaço na medida em que consomem.




PS: Espero a opinião e contribuição de todo mundo para fazer este blog “arrasar”!