segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A polêmica da adoção






O assunto ainda é um dos mais controversos: a adoção de crianças por casais gays. Muitos temem que os pequenos possam ter desvios de sexualidade ao viverem em famílias chamadas homoafetivas (formadas por pessoas do mesmo sexo). No entanto, é muito difícil afirmar que uma criança adotada por um casal gay venha a ser gay devido ao convívio. É dizer o mesmo que filhos de héteros serão necessariamente héteros.
Enquanto isso, os “erês” abandonados é que sofrem. São 80 mil em todo o Brasil e em torno de 100 só em Araçatuba aguardando por um lar.
Não deve haver preconceito na hora de garantir a uma criança abandonada o direito a uma segunda família quando a biológica faleceu ou mostrou-se indigna.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) não menciona, em nenhum momento, a opção sexual do candidato como condição para a adoção. Seu artigo 42 diz que “podem adotar os maiores de 21 anos, independente do estado civil”. O que se deve levar em consideração são as “reais vantagens para o adotando” (artigo 43). A conduta moral deve ser levada em consideração, para saber se a criança viverá em um ambiente saudável e seguro.
Os pré-requisitos para que um casal possa adotar uma criança é que seja idôneo. A Justiça já se pronunciou em diversas ocasiões concedendo a adoção de crianças independente da preferência sexual.
A primeira abertura do Poder Judiciário brasileiro relativa a dois homens foi na cidade de Catanduva-SP quando um juiz aceitou que eles entrassem na fila de espera de pais adotivos em 2004. Antes deles, dois casais de mulheres conquistaram o mesmo direito em Bagé-RS e Rio de Janeiro-RJ. Conseguiram graças à resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia. Tal documento entende que a homossexualidade não é uma doença, desvio ou distorção e, por isso, os profissionais de Psicologia não devem colaborar “com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”.
A relação de um casal homossexual com o filho adotado não deve estar centralizada na orientação sexual dos pais, mas acima de tudo deve ser transparente. Infelizmente, o preconceito e a discriminação podem atingir a criança nos diversos ambientes de seu convívio. É fundamental ser bastante claro sobre o assunto e estar disponível para conversar.
Interessante destacar que são freqüentes os relatos de pais que abandonaram ou discriminaram os filhos por eles serem gays, mas são raros os casos de filhos que rejeitaram os pais pelo mesmo motivo.
Nada de truque. Não seja “fake”. A verdade é a maior demonstração de amor e é disso que todos precisam.

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